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Juros caem forte, com dólar, fiscal e aposta em fim de ‘normalização parcial’

A redução forte das taxas de longo prazo, na esteira do dólar fraco e do otimismo com a situação fiscal do País, causaram nesta quarta-feira desinclinação firme da curva de juros. O diferencial entre os vencimentos de 2022 e 2027 cedeu a 323 pontos-base, o menor desde março de 2020. Como pano de fundo do movimento está também as apostas de que o Banco Central vai retirar, no comunicado da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de daqui duas semanas, a menção à “normalização parcial” da Selic. Os rendimentos tiveram recuo adicional na sessão estendida, após a S&P Global reafirmar o rating do Brasil, chancelando as apostas em crescimento mais sólido.

A taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 recuou de 5,132% na terça-feira a 5,11% nesta quarta-feira. O contrato janeiro 2023 passou de 6,759% a 6,705%. O janeiro 2025 cedeu de 7,925% a 7,80%. E o janeiro 2027 caiu de 8,444% a 8,34%.

O diferencial entre as taxas de janeiro 2022 e janeiro 2027, um indicativo da inclinação da curva, recuou a 323 pontos-base. Este é o menor valor desde 26 de março de 2020 (321 pontos-base).

O otimismo com ativos domésticos nas últimas sessões alimentou essa forte desinclinação da curva de juros nas últimas sessões. Nesta quarta, em especial, captações e um novo recorde nominal do Ibovespa voltam a comprovar o apetite do investidor estrangeiro com o País.

Nos juros, o cenário de alívio já vem sendo sentido há duas semanas. Dia a dia, novos indicadores reforçaram a aposta de que a atividade econômica tem se mostrado resiliente na segunda onda da covid-19, o que se reflete em arrecadação recorde e consequente melhora de perspectiva para as contas públicas. O impacto foi sentido nos vencimentos médios e longos.

Nos curtos, por sua vez, um ajuste para cima decorreu de leituras mais fortes de índices de preços, contratando inflação resistente adiante, além das surpresas com a atividade econômica, o que sugere uma reação mais forte do Banco Central. O salto de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, divulgado na terça, foi o gatilho para que muitos analistas trabalhassem com o cenário de retirada do termo ‘normalização parcial’ da comunicação do Copom.

Todo este cenário acabou sendo coroado com a decisão da S&P Global de manter o rating BB- do Brasil, no final da tarde. Embora note desafios fiscais, a agência reafirmou a perspectiva estável e pontuou que espera uma “redução gradual” do déficit fiscal, bem como o “desempenho externo sólido” do Brasil.

Por Mateus Fagundes

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Estadão Conteúdo

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