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Mesmo sem NY, Bolsa fecha em novo nível recorde, a 126.215 pontos

Mesmo sem a referência de Nova York no feriado norte-americano pelos militares mortos em ação, e em dia majoritariamente negativo nas praças europeias, com feriado também em Londres, os investidores domésticos encontraram fôlego para levar o Ibovespa mais adiante, em renovação conjunta de recorde intradia e de fechamento pela segunda sessão consecutiva. Nesta segunda-feira, o índice da B3 encerrou exatamente na nova máxima histórica, em alta de 0,52%, aos 126.215,73 pontos, saindo de mínima a 125.539,68, com giro moderado, de R$ 25,2 bilhões nesta última sessão de maio.

No mês, o Ibovespa acumulou ganho de 6,16%, o terceiro avanço mensal seguido, vindo de alta de 1,94% em abril e de 6% em março – foi o maior avanço mensal desde dezembro passado (9,30%). No ano, o índice sobe agora 6,05%.

Destaque nesta segunda-feira na B3 para mineração (Vale ON +2,86%) e siderurgia (Usiminas +1,33%) com a alta na casa de 4% para o minério de ferro na China, que reaproximou a tonelada da linha de US$ 200, no dia em que o PMI chinês veio a 51 em maio – leituras acima de 50,0 indicam expansão da atividade, na margem. Na ponta do Ibovespa, Cosan subiu 6,61%, seguida por Eneva (+4,59%) e Raia Drogasil (+3,11%). No lado oposto, Braskem (-3,23%), Equatorial (-2,71%) e Iguatemi (-2,61%).

Mesmo com o Brent em alta em torno de 1% na sessão, negociado perto de US$ 70 por barril, o dia foi moderadamente negativo para as ações de Petrobras, com a ON em baixa de 0,22% e a PN, de 0,44% no fechamento, em leve realização após os fortes ganhos da última sexta-feira, quando reagiram à recomendação de compra do JPMorgan. “A reunião de Opep+, que acontece entre hoje e amanhã, pode trazer mais novidades sobre níveis de oferta e demanda do produto”, observa Pietra Guerra, analista da Clear Corretora.

No quadro macro, “melhores perspectivas de crescimento econômico, a melhora nos números fiscais e alguns avanços nas discussões das reformas contribuem para cenário favorável, inclusive para o fortalecimento do real frente ao dólar, que acumulou valorização de 3,8% (em maio), com o câmbio a R$ 5,22”, acrescenta a analista. A relativa recuperação dos fundamentos brasileiros, refletida também na temporada positiva de resultados corporativos no primeiro trimestre, resultou em ingresso líquido de recursos estrangeiros até aqui em maio.

De acordo com dados divulgados nesta segunda pela B3, os investidores estrangeiros ingressaram, em ternos líquidos, com R$ 1,781 bilhão na última quinta-feira, 26, quando o Ibovespa fechou em alta de 0,30%, aos 124.366,57 pontos, e giro financeiro reforçado a R$ 51,4 bilhões. Em maio, as entradas de recursos externos somam R$ 10,845 bilhões até o dia 26, elevando o fluxo positivo a R$ 30,025 bilhões em 2021.

Em maio, em dólar, o Ibovespa foi a 24.156,58 pontos, o maior nível do ano, comparado a 21.887,67 pontos no fim de abril e a 20.721,62 no encerramento de março. No fechamento de 2020, o índice da B3 em dólar estava em 22.937,77, vindo de 20.368,35 pontos no encerramento de novembro, quando se iniciou recuperação significativa do Ibovespa, com o índice de ações em alta de 15,90% naquele mês – uma retomada interrompida entre janeiro e fevereiro. Assim, no primeiro mês do ano, o Ibovespa em dólar foi a 21.018,82 e, no encerramento de fevereiro, oscilou para 19.629,85 pontos.

Em nota, os analistas Heloise Sanchez e Régis Chinchila, da Terra Investimentos, também chamam atenção para desdobramentos recentes, positivos para a perspectiva doméstica. “Os investidores seguem de olho em Paulo Guedes e Roberto Campos Neto. O ministro disse que a dívida pública brasileira fechará o ano perto de 85% do PIB, no mesmo evento em que Bolsonaro afirmou que o governo está comprometido com as reformas”, observam. Além disso, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, apontou que até o final do ano todos os brasileiros estarão vacinados contra a Covid-19, acrescentam os analistas da Terra.

“O posicionamento dos BCs ao redor do mundo, de que os estímulos devem continuar, ajuda a manter os níveis recordes das bolsas. Acreditamos que o discurso deve permanecer nesse sentido por ora, dado que choques inflacionários temporários já estão nos modelos”, aponta Paula Zogbi, analista da Rico Investimentos. Ela destaca também, na terça, a divulgação do PIB do Brasil no primeiro trimestre como importante fator de orientação para o mercado, que vinha melhorando as estimativas para o período assim como para o ano, especialmente desde a última leitura do IBC-Br.

Por Luís Eduardo Leal

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Estadão Conteúdo

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