Mercados

Dólar cai 3,81% em maio, na maior queda mensal desde novembro de 2020

O dólar caiu 3,81% em maio, a maior baixa mensal desde novembro do ano passado. É o segundo mês consecutivo de perdas da moeda americana ante o real, ajudado pela melhora observada na situação fiscal do Brasil com a atividade econômica mais forte que o esperado, os superávits na balança comercial e a alta de juros pelo Banco Central. Tudo isso em um ambiente de dólar fraco no mercado internacional, em meio a indicadores mistos da economia americana e reforço do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de que a inflação é transitória. Esse ambiente levou a um desmonte importante de posições contra o real no mercado futuro da B3. Só os estrangeiros reduziram suas apostas compradas em dólar, que ganham com a valorização da moeda americana, em US$ 7,4 bilhões este mês.

Nesta segunda-feira, dia de definição do referencial Ptax de maio, usado em contratos cambiais e balanços de empresas, o mercado operou volátil. No fechamento, terminou em alta de 0,25%, a R$ 5,2249. No mercado futuro, o dólar para julho, que passou a ser o contrato mais líquido a partir desta segunda, operava em leve queda às 17h40, a R$ 5,2350.

Pela manhã, a moeda americana caiu com a divulgação do superávit primário de R$ 24,2 bilhões em abril, acima do esperado e recorde para o mês da série histórica do Banco Central. Quando saiu o número, o dólar caiu para as mínimas do dia, a R$ 5,1995. “O resultado mostrou uma melhora significativa”, comenta o economista-chefe do Goldman Sachs, Alberto Ramos, em relatório.

Após a definição do referencial, a pressão de alta se reduziu, mas o feriado nos Estados Unidos acabou limitando a liquidez nesta segunda-feira. “O dólar teve pequena queda no exterior, mas câmbio no Brasil teve alta à tarde, influenciada pela disputa anterior entre comprados e vendidos na formação da Ptax do mês”, comenta o economista e gestor da JF Trust, Eduardo Velho.

Nos negócios do período da tarde, as mesas de câmbio monitoraram participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em eventos. O dirigente declarou que a atividade tem mostrado força e já há previsão de PIB crescendo acima de 4% este ano. Ele, contudo, enfatizou que a situação de endividamento do Brasil é “bastante frágil”, por conta dos gastos com a pandemia, e reforçou a necessidade de o Brasil atrair mais investimento estrangeiro. “Estamos vendo recuperação extraordinária da economia.”

“Contas públicas mostrando superávit e a propensão do governo de vacinação total até o final do ano certamente contribuem”, afirma o economista da Amplla Assessoria em Câmbio, Alessandro Faganello. Ele observa que até há pouco tempo, as projeções indicavam que a dívida bruta em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) poderia bater em 100% este ano. Nesta segunda, o ministro da Economia, Paulo Guedes, falou da chance do indicador cair abaixo de 85% e bancos começaram a rever seus números.

Entre eles, o americano JPMorgan melhorou a previsão para as contas fiscais brasileiras, revertendo uma tendência de recentes pioras nas estimativas. A melhora da arrecadação e o crescimento mais forte que o esperado da economia devem levar a redução importante da dívida bruta em relação ao PIB este ano para 86,3%. A estimativa anterior do JP era de 91,3%. Para 2022, houve redução de 94,8% para 88,7%.

Por Altamiro Silva Junior

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Estadão Conteúdo

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