A WeWork, empresa de escritórios compartilhados, terá a marca operada na América Latina pelo SoftBank Latin America Fund, e será liderada por Claudia Woods, que nos últimos dois anos esteve à frente da Uber no Brasil. O atual CEO da WeWork na região, Claudio Hidalgo, passará à posição de diretor operacional (COO).
A parceria entre a WeWork e o fundo do SoftBank será efetivada através de uma joint venture, e segue o roteiro que a companhia tem adotado em outros mercados, como China, Índia, Japão e Israel. A união entre os parceiros acontece em um momento em que a WeWork tenta recuperar as perdas registradas durante a pandemia da covid-19, que aumentou a vacância de espaços corporativos no mundo todo com a migração das empresas para o regime de trabalho remoto.
Segundo a companhia, a parceria vai ajudar a expandir sua atuação na América Latina nos próximos anos. “O modelo de operação local já provou ser muito bem-sucedido em nossos mercados da China, Japão e Índia, onde temos visto um crescimento consistente e positivo através de parcerias com afiliadas regionais”, disse em nota o CEO da WeWork, Sandeep Mathrani.
Já o SoftBank acredita que, com o investimento, vai alavancar os ganhos de seu fundo dedicado à região, que vem procurando empresas “excepcionais” para investir.
“O espaço de trabalho flexível é uma megatendência global com grande potencial de crescimento na América Latina, e estamos ansiosos para ampliar as ofertas na região”, declarou Marcelo Claure, chefe do conselho da WeWork e CEO do SoftBank Group International. O fundo local do SoftBank conta com US$ 5 bilhões em recursos.
Para liderar a parceria, Claudia Woods vai se juntar ao Latin America Fund. Ela deixou o cargo de CEO da Uber no Brasil na última semana, e já foi CEO do Webmotors, controlado pelo Santander Brasil.
Além disso, a executiva integra os conselhos de Ambev e Oi, e foi nomeada como uma das 20 mulheres mais poderosas do Brasil pela revista Forbes.
No vermelho
O SoftBank é sócio da WeWork há alguns anos, e fez aportes superiores a US$ 10 bilhões na empresa, criada nos Estados Unidos em 2010. A gigante japonesa de investimentos é dona de cerca de 80% da startup imobiliária, mas amargou prejuízos nos últimos anos com o investimento.
Grande parte das perdas ocorreu em 2019, quando a WeWork tentou abrir capital nos Estados Unidos, mas foi obrigada a cancelar a oferta devido aos questionamentos dos investidores sobre sua capacidade financeira. Agora, a empresa se prepara para listar ações através de uma fusão com uma empresa de propósito específico (Spac) listada nos EUA, a BowX Acquisition. A operação é avaliada em US$ 9 bilhões.
No primeiro trimestre deste ano, a companhia teve prejuízo líquido de US$ 2,1 bilhões, e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) negativo em US$ 446 milhões, levemente acima das perdas de US$ 449 milhões vistas um ano antes.
As receitas caíram 10% em relação ao quarto trimestre do ano passado, para US$ 598 milhões. A companhia atribuiu a queda à saída de negócios não-core.
De acordo com a WeWork, a ocupação dos espaços corporativos que oferece teve aumento porcentual de dois dígitos nos últimos quatro meses. No primeiro trimestre, subiu para 50%, ante 47% no anterior. A companhia atribui a recuperação à adoção de soluções de trabalho flexíveis pelas empresas para o pós-pandemia.
A operação da WeWork na América Latina começou em 2016, e hoje, alcança mais de 90 unidades em 18 cidades locais. A WeWork opera na Argentina, no Brasil, no Chile, na Colômbia e no México.
No mundo todo, a companhia relata ter crescido mês a mês no primeiro trimestre deste ano. As vendas líquidas de espaços tiveram resultado positivo pela primeira vez desde fevereiro de 2020, quando a pandemia começou a se disseminar pelo globo, e segundo a empresa, seguiram resilientes em abril e em maio.
Por Matheus Piovesana
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