Mercados

Taxas de juros têm queda com revisão do PAF, dólar e inflação

A revisão do Plano Anual de Financiamento (PAF) se somou à assimilação de informações fiscais e da inflação do País, gerando descompressão na curva de juros nesta quarta-feira. A redução foi mais pronunciada nos vencimentos médios e longos, ainda que o ritmo tenha se reduzido com a confirmação pelo Tesouro da ampliação da oferta de papéis indexados à inflação e ao juro em detrimento aos prefixados.

A taxa do DI para janeiro de 2022 fechou com taxa de 4,985%, de 5,006% no ajuste de terça-feira. O janeiro de 2023 recuou de 6,718% a 6,645%. E o janeiro 2027 cedeu de 8,764% a 8,68%.

Desde cedo, a expectativa do mercado de DI repousava na revisão do PAF. O mercado já especulava nos últimos dias a necessidade de o Tesouro rever a estratégia de financiamento, uma vez que ela era muito agressiva em prefixados e refletia as condições de mercado de janeiro, com taxa de juros na mínima histórica e perspectiva nebulosa quanto à inflação e crescimento do País.

Desta forma, o Tesouro anunciou mudanças nas metas de financiamento: os títulos prefixados ficarão entre 31% e 35% da DPF (antes, 38% a 42%); nos papéis atrelados à inflação, a meta subiu para 26% a 30% da DPF (antes, 24% a 28%); e os remunerados pela Selic tiveram a meta alterada para 33% a 37% da dívida (antes, 28% a 32%). Não houve alteração na previsão para os papéis atrelados ao câmbio, que devem ficar em 3% a 7% da DPF.

Com a mudança no perfil das emissões, o Tesouro também prevê menor concentração de títulos com vencimento no curto prazo, com a parcela da dívida vencendo em 12 meses na faixa de 22% a 27% da DPF (antes, 24% a 29%).

Essa combinação de fatores ajudou a tirar pressão das taxas. O mercado vê com bons olhos a menor exposição da dívida de curto prazo, preocupação presente em momentos de crise de liquidez. Além disso, a perspectiva de menor oferta de prefixados também reduz uma fonte de impulso dos juros.

Na quinta-feira, inclusive, o órgão faz oferta de LFT para 1º/9/2022 e 1º/3/2027, além de NTN-F para 1º/1/2029 e 1º/1/2031 e LTN para 1º/7/2022, 1º/1/2023 e 1º/7/2024.

Todo este cenário de revisões do PAF veio em meio a outros fatores que contribuíram para uma pressão menor, em especial os relacionados à inflação e ao fiscal.

O dólar chegou a ceder a R$ 5,28 na mínima do dia, na esteira do melhor saldo da história na conta corrente do balanço de pagamentos em abril. A divisa terminou em R$ 5,3133 (-0,45%).

Por Mateus Fagundes

Siga o Mercado News no Twitter e no Facebook e assine nossa newsletter para receber notícias diariamente clicando aqui.

Estadão Conteúdo

Recent Posts

Fundos imobiliários ‘diferentões’ ganham espaço e interesse dos investidores

A indústria de fundos de investimentos imobiliários (FIIs) no Brasil cresce, em quantidade, a uma…

22 minutos ago

Petrobras cederá gás natural da Bolívia à Argentina

A Petrobras cederá à Argentina uma parte de sua cota de gás natural comprada da…

28 minutos ago

Mudanças no Proagro viram nova fonte de atrito entre governo e setor

A reformulação do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro), com o corte no limite…

42 minutos ago

Governo vê ‘conflito de interesses’ e pode rever papel de bancos no Proagro

Após as mudanças aprovadas no começo de abril que apertaram as regras do Programa de…

53 minutos ago

JBS anuncia antecipação do 13º salário para funcionários do RS

A JBS anunciou, neste sábado, 4, que devido às consequências das fortes chuvas no Rio…

12 horas ago

Deputado quer prever em lei adiamento de concursos em casos de desastres climáticos como no RS

O deputado Túlio Gadêlha (Rede-PE) apresentou um projeto para prever em lei o adiamento de…

17 horas ago