O resultado das transações correntes ficou positivo em abril deste ano, em US$ 5,663 bilhões, informou nesta quarta-feira, 26, o Banco Central. Este é o melhor resultado para meses de abril desde o início da série histórica, em janeiro de 1995.
Os dados refletem os efeitos da pandemia do novo coronavírus, que desde março do ano passado tem reduzido o volume de importações de produtos. Ao mesmo tempo, o Brasil tem se aproveitado da maior demanda global por commodities. O BC projetava para o mês passado superávit de US$ 5,7 bilhões na conta corrente.
O número de abril ficou abaixo da mediana das estimativas do mercado financeiro, calculada em US$ 6,250 bilhões, em levantamento realizado pelo Projeções Broadcast, e dentro do intervalo das previsões, de déficit de US$ 3,735 bilhões a superávit de US$ 8,000 bilhões.
A balança comercial registrou saldo positivo de US$ 9,145 bilhões em abril, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 1,313 bilhão. A conta de renda primária também ficou deficitária, em US$ 2,370 bilhões. No caso da conta financeira, o resultado ficou positivo em US$ 5,630 bilhões.
Acumulados
No acumulado do ano até abril, o rombo nas contas externas soma US$ 9,717 bilhões. A estimativa atual do BC é de superávit em conta corrente de US$ 2 bilhões em 2021. O cálculo foi atualizado no último Relatório Trimestral de Inflação (RTI).
Nos 12 meses até abril deste ano, o saldo das transações correntes está negativo em US$ 12,389 bilhões, o que representa 0,84% do Produto Interno Bruto (PIB).
Lucros e dividendos
A rubrica de lucros e dividendos do balanço de pagamentos apresentou saldo negativo de US$ 667 milhões em abril, informou o Banco Central. A saída líquida é inferior aos US$ 2,311 bilhões que deixaram no Brasil em igual mês do ano passado, já descontadas as entradas.
No acumulado do ano até abril, houve saída líquida de recursos via remessa de lucros e dividendos, de US$ 3,502 bilhões. A expectativa do BC é de que a remessa de lucros e dividendos de 2021 some US$ 24 bilhões. Esta projeção foi atualizada no último RTI.
O BC informou também que as despesas com juros externos somaram US$ 1,708 bilhão em abril, ante US$ 1,515 bilhão em igual mês do ano passado.
No acumulado do ano até abril, essas despesas alcançaram US$ 8,226 bilhões.
Viagens internacionais
Ainda sob os efeitos da pandemia do novo coronavírus na economia, a conta de viagens internacionais registrou déficit de apenas US$ 137 milhões em abril, informou o Banco Central. O valor reflete a diferença entre o que os brasileiros gastaram lá fora e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil no período. Em abril de 2020, o déficit nessa conta foi de US$ 90 milhões.
O dólar mais elevado e a restrição de voos em vários países mantém os gastos líquidos dos brasileiros no exterior em patamares baixos. Vale lembrar que a pandemia do novo coronavírus ganhou corpo a partir de março do ano passado, quando se intensificaram as restrições de deslocamento entre países.
O desempenho da conta de viagens internacionais no mês passado foi determinado pelas despesas de brasileiros no exterior, que somaram US$ 301 milhões. Já o gasto dos estrangeiros em viagem ao Brasil ficou em US$ 164 milhões no mês passado.
No ano até abril, o saldo líquido da conta de viagens ficou negativo em US$ 304 milhões.
Dívida externa
A estimativa do Banco Central para a dívida externa brasileira em abril é de US$ 299,297 bilhões. Segundo a instituição, o ano de 2020 terminou com uma dívida de US$ 310,807 bilhões.
A dívida externa de longo prazo atingiu US$ 234,820 bilhões em maio, enquanto o estoque de curto prazo ficou em US$ 64,476 bilhões no fim do mês passado.
Por Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues
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