O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliou nesta segunda-feira que é provável que a maioria dos países precise fazer uma normalização parcial ou total de suas taxas de juros nos meses à frente. Ele lembrou que os países emergentes já saíram na frente neste ajuste.
“Estamos em um movimento de reprecificação. Parte desse movimento já foi, mas ainda terá um ruído pela frente. Temos um movimento inflacionário no mundo desenvolvido, que terá que ajustar as taxas de juros, o que leva a uma diferenciação. O mundo emergente tem dívida mais alta, e precisa fazer um ajuste mais forte e mais rápido”, avaliou Campos Neto, em evento digital promovido pelo eB Capital.
Commodities
O presidente do Banco Central disse ainda que o BC tem notado uma posição especulativa em commodities acima do normal. “Com todos os auxílios e medidas, muitos agentes correram para as commodities, assim como já houve movimentos anteriores em criptomoedas”, afirmou.
Campos Neto destacou preço de soja e boi está meio parado há algumas semanas, assim como o preço do petróleo tem se mantido estável desde março. “O preço milho teve alta de preços e também já começou a voltar”, completou.
Mais uma vez, o presidente do BC reconheceu que as expectativas inflacionárias no Brasil subiram mais que em outros lugares e citou a questão fiscal com um fator que explica a alta da expectativa para os preços no País.
Reforma administrativa
O presidente do Banco Central considerou também que a reforma administrativa é “fundamental”. O projeto ainda está em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados.
“Além do custo de pessoal que é muito grande, o tema de eficiência e de busca de talentos para o setor público também é importante. Gastamos muito e os serviços públicos prestados não são de ótima qualidade. A reforma administrativa precisa vir com uma grande dimensão de digitalização, para reduzir custos e aumentar a eficiência dos serviços públicos, como ocorreu em outros países”, afirmou Campos Neto.
Para ele, a reforma precisa avançar, mesmo sem condições políticas para mexer com os atuais servidores. “Mesmo a sinalização para o futuro terá efeitos positivos para o País”, completou.
Por Fabrício de Castro e Eduardo Rodrigues
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