Um modo para reduzir o impacto das moedas virtuais no meio ambiente seria que governos de locais onde a matriz energética é baseada em combustível fóssil taxassem o consumo, segundo Fabrício Tota, diretor do Mercado Bitcoin – plataforma de negociação de criptoativos com dois milhões de clientes. “O minerador vai onde a energia é barata e abundante. Existe mineração com energia eólica ou hídrica, que também pode ser usada.”
Tota destaca que a resolução das equações matemáticas do processo de “mineração” de Bitcoin garante que o sistema seja à prova de fraudes e afirma que a moeda tem benefícios importantes, como ser uma “unidade monetária à prova de burocratas”. O executivo lembra ainda que, na plataforma do Mercado Bitcoin, a tecnologia das criptomoedas é usada para a comercialização de crédito de carbono. A própria empresa diz já ter neutralizado todo carbono que emitiu entre 2013 e 2020.
Dono de uma “mineradora” no Paraguai até 2019, quando a vendeu para chineses, o brasileiro Rocelo Lopes diz que a quantidade de energia consumida por criptomoedas no mundo hoje é “irrisória” (é 0,55% do total), mas admite que a “mineração” precisa ser deslocada para regiões onde há excesso de energia. “O problema é que há uma concentração de minas em algumas cidades da China que usam carvão e onde o consumo de energia das criptomoedas é maior do que a capacidade de produção energética do local.”
Lopes, que também é dono da Stratum, uma empresa que fornece tecnologias para redes de criptomoedas, ainda trabalha como consultor para quem quer criar sua própria “mina”. Atualmente, está ajudando na criação de uma “mina” em Sorocaba (SP) que usará energia solar. A ideia é que, durante o dia, as placas solares gerem um excedente de energia que se transformará em crédito na rede elétrica para ser consumido à noite.
Mas Alex de Vries, o criador do Bitcoin Energy Consumption Index, frisa que os problemas do bitcoin vão além da questão energética. Ainda que os “mineradores” usem apenas energia renovável, eles demandam um grande volume de computadores que, para conseguirem os bitcoins de forma eficiente, precisam ser trocados a cada 18 meses, em média.
Vries lembra que os computadores demandam, em sua fabricação, semicondutores (chips minúsculos que estão em falta no mercado e cuja escassez paralisou a indústria automotiva global). “Se você colocar um chip em uma mina de bitcoin, não pode colocá-lo em um carro elétrico ou num dispositivo eletrônico pessoal. Então, pode haver outras consequências econômicas e climáticas.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Luciana Dyniewicz
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