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Greve no Metrô paralisa 4 linhas; passageiros buscam alternativas de transporte

Os funcionários do Metrô de São Paulo entraram em greve a partir da 0h desta quarta-feira (19). A previsão é que a paralisação dure 24h. A decisão foi tomada durante assembleia da categoria na noite de terça-feira (18) após as negociações com o governo estadual não terem avançado na última semana.

Com a paralisação, paulistanos que usam o metrô para se locomover terão de recorrer a outros meios de transporte. No início da manhã, passageiros não sabiam como chegar aos seus destinos e se aglomeravam em frente a estações. Na estação Barra Funda, na zona oeste da capital, por volta das 7h, grandes filas de formavam na busca por ônibus, que eram insuficientes para o volume de pessoas.

‘Atitude desumana e intransigente’

Em nota, a Secretaria dos Transportes Metropolitanos afirma que o Metrô de São Paulo enviou uma proposta de acordo salarial “muito acima do que é praticado no mercado de trabalho e previsto na legislação brasileira”, e que a empresa “manteve todos os serviços e seus empregados”, mesmos com os prejuízos de R$ 1,7 bilhão no último ano e de mais de R$ 300 mil no primeiro trimestre de 2021.

“O sindicato certamente vive em uma realidade diferente do restante do País, que sofre com desemprego, perda de renda e fome”, diz o texto, que classifica a greve como “inadmissível”.

A STM também afirma ter oferecido à categoria a manutenção de benefícios “muito além dos exigidos pela CLT”, como o pagamento de vales refeição e alimentação, previdência suplementar, plano de saúde sem mensalidade, hora extra de 100%, adicional noturno de 35%, abono de férias em 60%, complementação salarial para afastados e auxílio creche/educação, dentre outros.

“Reivindicar novos aumentos salariais e de benefícios, punindo a população com a paralisação do transporte público e deixando milhares de pessoas que cuidam de serviços essenciais, como saúde e segurança sem transporte é uma atitude desumana e intransigente”, afirma o texto. A STM ainda frisa que uma liminar da Justiça do Trabalho determina que pelo menos 80% dos trabalhadores trabalhem no metrô durante os horários de pico (de 6h às 9h e de 16h às 19h) e 60% nos demais horários, sob pena de R$ 100 mil diários.

‘Desrespeito à categoria’

Os funcionários do Metrô de São Paulo decidiram na noite de terça-feira entrar em greve. Foi realizada ontem uma reunião com representantes dos metroviários e do Tribunal Regional do Trabalho, com o objetivo de criar um acordo entre a categoria e o governo de São Paulo. Entretanto, nenhum representante da administração compareceu à reunião desta tarde. Dirigentes do sindicato classificaram a atitude como “um desrespeito à categoria”.

“Não estamos pedindo aumento, estamos pedindo o reajuste inflacionário (do salário). É claro que, se vier alguma proposta de negociação, estamos dispostos a conversar e não paralisar o metrô. Mas isso está nas mãos do governo e do Metrô”, afirmou mais cedo Camila Lisboa, uma das coordenadoras do sindicato.

Os dirigentes alegam que a categoria está há dois anos sem reajuste salarial e sem receberem a Participação nos Resultados (PR) referentes aos anos de 2019 e 2020. Em comunicado oficial, a categoria afirma também que o Ministério Público do Trabalho (MPT) sugeriu uma proposta de acordo na segunda-feira, 17, que foi descartada pela Companhia do Metropolitano de São Paulo.

Altino Prazeres, um dos dirigentes do sindicato, afirma que a última proposta apresentada à categoria só incluía o reajuste com base no IPC de maio de 2019 a abril de 2020 (2,61%), que também não foi pago, sem incluir o de 2020 para 2021 (7,79%). Ao mesmo tempo, ele alega que a empresa tentou reduzir os adicionais noturno e de férias, assim como a gratificação por tempo de serviço.

“Estamos dispostos a negociar em qualquer horário, mas é preciso de alguma proposta. Sem isso, não voltamos a trabalhar”, afirma. Segundo Prazeres, a categoria “apenas soube por terceiros” que a ausência de algum representante da empresa ou do governo estadual na reunião desta tarde deu-se porque “não tinham mais nada para apresentar” nas negociações.

Prazeres diz ainda que a categoria está disposta a “lançar um desafio” ao governo. “Se deixarem a catraca aberta (sem cobrar pela passagem), voltamos a trabalhar na mesma hora. Sempre dizem que quando entramos de greve, isso atrapalha o transporte público. Mas se o governo topar, a gente topa também.”

Estão paralisadas as linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata. As linhas 4-Amarela e 5-Lilás, assim como a CPTM, continuarão funcionando normalmente.

Por João Ker, com Estadão Conteúdo

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Estadão Conteúdo

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