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Economia surpreende e leva a revisão de projeções do PIB para este ano

O recrudescimento da pandemia no início do ano afetou menos a atividade econômica do que o previsto inicialmente, provocando uma onda de revisões para cima nas projeções para o desempenho do PIB em 2021. Elevaram suas estimativas as corretoras XP e Ativa, os bancos de investimento Credit Suisse, UBS, Bank of America e Goldman Sachs e as consultorias MB Associados e Parallaxis Economics, entre outros. Na média, as projeções de crescimento passaram de 3,2%, em abril, para 3,8% agora, conforme levantamento do Estadão/Broadcast, com 35 instituições.

Segundo economistas, os indicadores do primeiro trimestre indicaram que o isolamento social para conter a Covid-19 não foi tão rígido quanto no início da crise sanitária, em 2020 – seja porque as medidas restritivas foram mais brandas seja porque as pessoas cumpriram menos as regras. Segundo epidemiologistas, o afrouxamento das medidas de proteção ajudaram a elevar o número de mortos pela pandemia para mais de 430 mil.

Embora ainda haja incertezas sobre o futuro da economia, especialmente por causa de eventuais problemas na vacinação, ficaram para trás as previsões de recessão, ou seja, de dois trimestres seguidos de retração nesta primeira metade do ano, presente em algumas análises no início de 2021.

“A expectativa, no início do ano, era que, diante da segunda onda da pandemia, precisaríamos ter um grau maior de restrição à mobilidade e que o fim do primeiro trimestre e o início do segundo seriam bastante afetados”, disse o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale. “Mas isso acabou não acontecendo. A população não fez o isolamento social como se imaginava.” A MB Associados elevou a projeção de crescimento para este ano de 2,60% para 3,20%.

Resiliência e vacinação

Na última segunda-feira, ao comentar a elevação de sua projeção para um crescimento econômico de 4,1% este ano, contra 3,2% na estimativa anterior, o economista-chefe da XP, Caio Megale, disse que, “apesar da vacinação turbulenta e incerta”, no início do ano, “a demanda interna se mostrou muito mais resiliente ao fim do auxílio emergencial e em meio à segunda onda da covid-19 do que se esperava”.

Na visão do economista-chefe da gestora de recursos Trafalgar Investimentos, Guilherme Loureiro, as projeções mais pessimistas também davam muito peso ao impacto do fim do auxílio emergencial no início do ano. A transferência de renda turbinou a recuperação no segundo semestre de 2020. Sua retirada no início de ano, enquanto a reedição da medida era discutida no governo e no Congresso, provocaria queda na atividade econômica.

“Não pensávamos assim, nossa cabeça sempre esteve calcada no processo de reabertura”, disse o economista da Trafalgar, que já estava com uma projeção de crescimento de 4,2% este ano. Com os indicadores mais recentes, Loureiro elevou a estimativa para 4,5%.

Para Vale, da MB Associados, os brasileiros circularam mais em meio ao agravamento da pandemia, em parte, porque foram “forçados” a isso – já que as medidas do governo para apoiar famílias e empresas foram mais escassas – e, em parte, porque estão “esgarçados” com a duração da crise.

No início, as pessoas aceitaram ficar em casa e os empresários decidiram fechar as portas porque a situação era nova e apostavam que as restrições durariam menos. Agora, as empresas tiveram menos condições para aguentar fechamentos, assim como muitos trabalhadores, com o orçamento apertado, precisaram sair em busca de sustento.

Além disso, a demora do governo em reeditar medidas para apoiar famílias e empresas tem efeito ambivalente, disse Vale. O cenário é diferente de países como Estados Unidos, Inglaterra e China, em que a redução das restrições aponta para uma recuperação mais vigorosa porque a covid-19 está sendo controlada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Daniela Amorim, Vinicius Neder, Guilherme Bianchini e Thaís Barcellos

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Estadão Conteúdo

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