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Dólar sobe e volta a R$ 5,30 com aceleração da inflação nos EUA

O dólar firmou alta nesta quarta-feira, após dois dias operando volátil e fechando perto da estabilidade. O clima esquentou na CPI da Covid em Brasília, mas a pressão no câmbio nesta quarta veio principalmente do exterior, primeiro pela surpresa com a inflação ao consumidor dos Estados Unidos, que subiu bem mais que o esperado em abril, ajudando a fortalecer as taxas de retorno (yields) dos juros longos americanos e o dólar no mercado internacional pelo temor de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) precisará retirar os estímulos à economia mais cedo.

Pela tarde, o anúncio do Tesouro dos EUA de que o déficit orçamentário atingiu o nível recorde de US$ 1,9 trilhão nos primeiros sete meses do ano fiscal de 2021 provocou nova rodada de alta nas taxas dos Treasuries, com a de 10 anos encostando em 1,7%, e na moeda americana, que testou máximas acima de R$ 5,30 ante o real.

No fechamento, o dólar à vista subiu 1,59%, em R$ 5,3055. No mercado futuro, o dólar para junho tinha ganho de 1,81% às 17h40, em R$ 5,3230.

O economista sênior global da Capital Economics, Simon MacAdam, reconhece que há uma pressão na inflação nos EUA, mas que tende a ser de curto prazo, provocada pela maior demanda, por conta da retomada rápida da economia, com o avanço da vacinação e os auxílios em dinheiro da Casa Branca aos americanos, o que por sua vez ajuda a elevar o déficit fiscal. Os EUA devem ser o país do mundo que mais vai gastar no biênio 2020/2021 como resposta à pandemia, calcula a consultoria. Os dois fatores devem ajudar a acelerar a retomada da atividade americana, com o Produto Interno Bruto (PIB) devendo crescer 6,5% este ano, mas não sem elevar o déficit americano.

Neste ambiente de maior crescimento e inflação pressionada, a Capital Economics projeta que as taxas dos Treasuries vão seguir em alta, ajudando a fortalecer o dólar, tanto ante divisas fortes como nos emergentes. Neste ambiente, o economista-chefe da consultoria inglesa, Neil Shearing, prevê que o dólar ficará fortalecido ao menos nos próximos 6 a 12 meses, podendo testar nível de R$ 6,00 ante o real em 2022.

Nesta quarta, dirigentes do Fed voltaram a tentar acalmar o mercado. O vice-presidente Richard Clarida disse ter ficado “surpreso” com o índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) de abril, mas voltou a afirmar que a inflação maior será transitória. Anualmente, o índice acumulou alta de 4,2%, ante previsão de 3,6% dos economistas em Wall Street.

Para o Brasil, a elevada incerteza política, além dos ruídos em Brasília e a situação fiscal deteriorada devem contribuir para manter o câmbio pressionado, avalia a Capital Economics. Nesta quarta, operadores nas mesas de câmbio dizem que a CPI da covid foi monitorada de perto, mas o principal fator a afetar os preços acabou sendo o exterior. “O dólar subiu geral hoje, e muito”, disse um operador.

Por Altamiro Silva Junior

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Estadão Conteúdo

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