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Taxas longas de juros caem mais que curtas com apetite a risco e espera por Copom

Os juros futuros fecharam em baixa, com perda de inclinação da curva, nesta quarta-feira de decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). Com a aposta de que a Selic será elevada após o fechamento do mercado em 0,75 ponto porcentual bem precificada, o desenho da curva foi definido pela percepção de que o comunicado do Banco Central terá uma linguagem mais dura, mesmo que não necessariamente retire o termo “parcial” ao referir-se ao processo de normalização da Selic; e também pelo bom apetite ao risco no exterior que favoreceu moedas de economias emergentes, incluindo o real.

Os profissionais citam ainda um movimento de correção ao que teria sido exagero na alta de terça-feira.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou em 4,795%, de 4,808% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 8,056% para 7,95%. A do DI para janeiro de 2027 encerrou a etapa regular na mínima de 8,56%, de 8,664% na terça-feira.

A aposta de que o Copom levará nesta quarta-feira a Selic para 3,5% é amplamente majoritária tanto na precificação dos DIs quanto nas chamadas opções digitais. A grande expectativa segue sendo qual o tratamento os diretores darão ao ciclo de ajuste daqui para frente.

Muitos acreditam que a retirada do termo “parcial” na caracterização do processo daria mais liberdade de atuação em meio à piora das estimativas de inflação e choque de commodities. “Será prudente que o Bacen sinalize que continuará elevando a taxa básica, sem comprometimento com ‘normalização parcial’, ou seja, um comunicado e uma ata um pouco mais restritivos para estabilizar a mediana das projeções do IPCA”, afirma relatório da JF Trust, que tem Eduardo Velho como economista-chefe.

Para um gestor de renda fixa, um Copom “dovish” pode causar estragos na curva e alta do dólar na quinta-feira. “O mercado todo está posicionado para um BC ‘hawkish’ e até por isso a curva hoje tem ‘flattening'”, diz, argumentando que as expectativas de inflação para 2022 começam a ser contaminadas. “Nos últimos cinco dias, a mediana para o IPCA em 2022 saiu de 3,62% para 3,69%”, lembra. A meta de inflação para o ano que vem é de 3,5%.

Contudo, a percepção de que palavra “parcial” vai sair do comunicado não é consenso. “O BC pode ser mais conservador sem necessariamente retirar o termo, utilizando outros recursos. O mercado está bem dividido quanto a isso. O comunicado pode desagradar a gregos e a troianos”, avalia o estrategista-chefe da Western Asset, Adauto Lima.

Para ele, o mercado de juros aparou nesta quarta o que considerou excesso na abertura da curva na terça, mesmo com os ruídos políticos. “É uma somatória de fatores hoje. Temos essa correção, a visão de que o BC será conservador e o bom humor lá fora, que tem deixado o real bem resiliente”, explicou.

Por Denise Abarca

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Estadão Conteúdo

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