Mercados

Exterior ruim, ruído político e economia fraca faz Ibovespa cair a 117 mil pontos

Ventos externos ruins aliados ao comportamento bem negativo das ações do setor financeiro e a ruídos políticos com o início das oitivas na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid fizeram com que o Ibovespa perdesse o suporte dos 119 mil pontos que vinha segurando desde meados do mês passado para operar dois degraus abaixo, na marca dos 117 mil pontos, vista no início de abril. Assim, o indicador passou toda a sessão de negócios em baixa para encerrar o dia aos 117.712,00, com queda de 1,26%.

Unânimes, os analistas ressaltam que a piora externa, que acabou contaminando o ambiente doméstico, veio após a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, afirmar que as taxas de juros no país podem ter de subir para evitar o sobreaquecimento da economia americana. Com isso, os principais índices das bolsas em Wall Street aceleraram quedas e o dólar se fortaleceu no globo.

“Isso gerou um desconforto. Já está virando consenso no mercado que será preciso subir os juros americanos antes de 2023, mesmo que seja no segundo semestre do ano que vem”, disse Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos. “A inflação nos Estados Unidos é o grande teste para saber se os índices seguirão subindo”, complementou Roberto Attuch, CEO da Ohmresearch, plataforma de análises independentes.

E o movimento externo encontrou localmente um terreno fértil para imprimir a queda do Ibovespa que bateu na mínima do dia nos 117.630,62 pontos: CPI da Covid, que ouviu nesta terça Luiz Henrique Mandetta, o primeiro ministro da Saúde do governo de Jair Bolsonaro, dúvidas sobre como vai sair a reforma tributária, e isso num cenário de uma economia que se arrasta devido ao lento processo de vacinação.

“A CPI é barulho, por desgastar ainda mais o governo Bolsonaro. Todo mundo está de olho na velocidade de vacinação, o controle da pandemia, e se vai ser possível evitar uma terceira onda no Brasil”, ressalta Attuch.

Do ponto de vista corporativo, a queda forte das ações dos bancos, que têm peso de mais de 20% do índice Bovespa, contribuiu muito para o dia negativo. Os investidores não gostaram da “qualidade” dos dados do balanço do Itaú Unibanco divulgados na segunda-feira à noite.

“Os bancos foram o carro-chefe na queda. Quem segurou a bronca foi a Vale”, disse Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos. “Quando o setor de bancos começa a dar um sinal mais negativo todo mundo começa a olhar mais com mais cuidado”, afirmou Cruz.

Por Simone Cavalcanti

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Estadão Conteúdo

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