Os juros fecharam em alta nesta sexta-feira, pressionados pelo comportamento negativo das moedas emergentes após dados mais fraco da economia da China e firmes da economia norte-americana que fortaleceram o dólar, mesmo num dia de acomodação nos rendimentos dos Treasuries. Internamente, noticiário e agenda não foram capazes de influenciar as taxas e o mercado já começa a se preparar para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na próxima quarta-feira, com o Itaú Unibanco esperando alteração “hawkish” na comunicação dos diretores e manutenção do ritmo de aperto na Selic em 0,75 ponto porcentual.
Com o movimento desta sexta, a curva fecha a semana praticamente no mesmo nível de inclinação visto na última sexta-feira, mas no balanço de abril cedeu em quase 40 pontos-base, muito em função da aprovação do Orçamento de 2021, mesmo com todos os percalços do processo.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou em 4,655%, de 4,622% no ajuste de quinta, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 7,686% para 7,76%. A taxa do DI para janeiro de 2027 terminou em 8,41%, de 8,344% no ajuste de quinta. A inclinação medida pelo diferencial entre as taxas de janeiro de 2022 e janeiro de 2027 fechou nesta sexta em 375 pontos-base, ante 372 pontos na última sexta e 410 pontos no fechamento de março.
O estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, explica que o mercado externo operou nesta sexta com uma certa aversão ao risco, que impulsionou o dólar ante moedas emergentes e principalmente as ligadas a commodities, o que acabou influenciando os Dis.
O Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) da indústria da China recuou de 51,9 em março para 51,1 em abril, pior do que a expectativa de 51,6. Por outro lado, o PMI dos EUA, medido pelo ISM, subiu a 72,1 em abril, maior nível desde dezembro de 1983. “Com isso, vemos commodities em baixa e dólar em alta. Os Treasuries estão comportados mas subiram na semana, recompondo parte da queda recente”, afirmou.
No BofA Securities, há cautela com os emergentes apesar do Fed ter na quinta se mostrado dovish, “na medida em que a guerra entre o Fed e o mercado continua”. Em relatório, a instituição diz estar “adicionando risco seletivamente”. “Na América Latina, estamos doadores na ponta curta das curvas do Mexico, Colômbia e Brasil”, afirmam os economistas.
Na curva a termo, a precificação para a Selic no Copom de maio é de aumento de 80 pontos-base, ou seja, 80% de chance de elevação de 0,75 ponto e 20% de probabilidade de 1 ponto porcentual, de acordo com o Mizuho.
O Bradesco elevou a projeção para o IPCA de 2021 de 5,00% para 5,20% – perto do teto da meta de 5,25%. Já o Itaú Unibanco disse acreditar que o Copom vai retirar de seu comunicado na semana que vem a menção ao atual processo de ajuste monetário como parcial. “Isto reforçaria ainda mais seu compromisso de perseguir o centro da meta de inflação no horizonte relevante de política monetária e, assim, a ancoragem das expectativas inflacionárias”, diz o banco em relatório.
Por Denise Abarca
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