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Dólar sobe 1,79% no dia, mas abril tem maior baixa mensal desde novembro de 2020

O dólar teve queda de 3,5% em abril, a maior perda mensal desde novembro do ano passado. Nas últimas cinco semanas, a divisa norte-americana acumulou desvalorização em todas elas, ajudada pela aprovação do Orçamento de 2021 mantendo o teto de gastos, fluxo externo positivo e perspectiva de alta de juros pelo Banco Central, além da sinalização do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de que vai seguir com os estímulos monetários. Nesse ambiente, o real teve o melhor desempenho que seus pares. O dólar caiu 2,9% em abril na África do Sul, recuou 0,90% no México e 0,64% na Rússia.

Nesta sexta-feira, 30, o dia foi de perdas para o real, refletindo a força da moeda americana no exterior, a pressão dos comprados (que ganham com a alta da moeda) para a definição do referencial Ptax de abril e um movimento de realização de ganhos após as quedas recentes. Na semana, o dólar ainda acumulou queda de 1,2%.

Nesta sexta, terminou em R$ 5,4320, em alta de 1,79%. O dólar futuro para junho, que nesta sexta passou a ser o contrato mais líquido, subia 1,95% às 17h40, a R$ 5,4510.

O chefe de câmbio da Acqua Investimentos, Alexandre Netto, destaca que o desempenho do real melhor que os pares foi ajudado inicialmente pela sanção do Orçamento pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, com alguns vetos. Isso trouxe algum conforto no lado fiscal, disse ele. No cenário externo, a visão de que a liquidez vai continuar alta por mais algum tempo também foi positivo para as moedas de emergentes.

Pela frente, Netto vê dificuldade de o dólar cair muito mais ante o real. No lado doméstico, há fatores que podem provocar ruídos, como a CPI da Covid, que na semana que vem vai ouvir ex-ministros da Saúde. “A CPI tem potencial para gerar ruído e acaba distraindo um pouco da agenda de reformas”, disse o executivo da Acqua. Por isso, o R$ 5,32, que o dólar chegou na mínima de quinta, pode acabar sendo um piso por enquanto. “Os principais fatores estão indicando o real um pouco mais depreciado.”

No cenário externo, o evento mais aguardado da semana que vem é a divulgação do relatório mensal de emprego (payroll) dos Estados Unidos, com dados de abril, na sexta-feira, 7. Os economistas do banco Wells Fargo esperam forte criação de vagas, de 1,2 milhão de postos, ajudada pela retirada de parte das medidas de restrição com o avanço rápido da vacinação nos EUA. A taxa de desemprego deve cair para 5,8%. Se confirmados, estes números podem contribuir para valorizar o dólar, na medida em que devem pressionar ainda mais as taxas dos juros longos americanos, que esta semana voltaram a subir, batendo em 1,65% na máxima.

O Bradesco manteve nesta sexta a previsão de dólar a R$ 5,60 ao final de 2021 e 2022. O banco destaca que o fim do impasse do orçamento, a expectativa de normalização de juros e a elevação dos termos de troca abriram uma janela para apreciação do câmbio em abril. “Essa combinação de fatores tem permitido o real fechar uma parte da distância que se formou em relação aos pares e aos próprios fundamentos das contas externas.” Para o curto prazo, a alta das commodities e a perspectiva de aumento dos juros “torna o real mais atrativo” que seus pares, destaca o banco.

Por Altamiro Silva Junior

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Estadão Conteúdo

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