As negociações entre o Ministério de Minas e Energia (MME) e outros elos da cadeia do gás natural para encontrar meios de postergar a alta de 39% no preço da molécula fracassaram, e o reajuste tende a ser implementado a partir de 1º de maio. Participaram das conversas a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), a Petrobras e representantes das transportadoras de gás canalizado.
A principal alternativa colocada à mesa para solucionar o problema no curto prazo foi o adiamento do reajuste para evitar que ele entrasse em vigor em meio à pior fase da pandemia do novo coronavírus, postergando os efeitos sobre a indústria, comércio e consumidores residenciais, que já têm sentido no bolso a escalada da inflação.
Foi justamente essa proposta que fracassou, segundo apurou o Broadcast Energia (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), uma vez que as proprietárias dos gasodutos não desistiram de receber já a parte que cabe a elas no reajuste.
“Para isso (a postergação) acontecer, precisaria haver alinhamento com todos os agentes do setor, o que não aconteceu”, explicou diretor de Estratégia e Mercado da Abegás, Marcelo Mendonça.
Outras propostas foram colocadas em discussão, visando mitigar impactos no preço do gás natural no médio prazo, entre elas a criação de uma “conta-corrente” para amortizar a alta de preços; acelerar a implementação do mecanismo que estabelece que todos os produtores sejam obrigados a disponibilizar sua produção para o mercado, possibilitando que os consumidores livres, comercializadores e distribuidoras estaduais tenham outras fontes de aquisição e um leilão de oferta de gás natural para entrega em cinco anos, aberto para consumidores livres, comercializadores e distribuidoras estaduais.
Segundo Mendonça, embora o encaminhamento das reuniões sugira que o reajuste de 39% será aplicado, a entidade continuará negociando com os órgãos reguladores para tentar aplicar medidas que no médio prazo aumentem a concorrência no mercado de gás e funcionem como mitigadoras de aumento de custos. “Qualquer aumento de preço reduz competitividade do gás e estimula grandes indústrias a procurarem combustíveis alternativos”, afirmou.
Por Wilian Miron
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