O ministro da Economia, Paulo Guedes, confirmou na terça-feira (27) as mudanças em postos-chave de sua equipe e atribuiu a decisão a um “desgaste natural” sofrido por secretários que tiveram de atuar “na defesa” e precisaram com frequência dizer “não” a diversos pedidos. Apesar de as mudanças virem na esteira dos embates em torno do Orçamento de 2021, o ministro negou que tenha havido pressão política para as trocas.
Guedes anunciou que o atual secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, será remanejado para a assessoria especial da pasta. Em seu lugar, será nomeado o atual secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, como mostrou o Broadcast/Estadão. Na hierarquia do Ministério da Economia, o Tesouro é ligado à Fazenda.
O ministro confirmou também a ida de Jeferson Bittencourt, atual assessor na articulação com o Congresso, para o posto de Funchal.
Guedes também anunciou a saída do Secretário de Orçamento Federal, George Soares, que será substituído por Ariosto Culau, servidor de carreira que já foi secretário-executivo-adjunto da Fazenda no governo Michel Temer.
Foi confirmada ainda a saída de Vanessa Canado da assessoria especial para reforma tributária, que será substituída por Isaías Coelho.
No momento do anúncio das mudanças, Guedes estava ladeado por Waldery e Funchal, aos quais buscou fazer elogios e agradecimentos. O ministro tentou desfazer a imagem de que Waldery foi demitido do cargo e disse “prestigiar seus combatentes”.
“Queria deixar registrado que isso não é demissão”, disse Guedes. O ministro fez questão de ressaltar que não há a demissão de alguém que foi “leal” e afirmou que as mudanças já vinham sendo conversadas internamente há cerca de dois ou três meses – antes, portanto, da negociação do Orçamento. “O que está acontecendo é remanejamento da equipe, justamente para facilitar negociações com Congresso”, afirmou.
Segundo o ministro, as negociações são difíceis. “Na Secretaria de Fazenda está o foco, ‘não’ é dito com frequência. O secretário do Tesouro é outro que tranca o cofre. Eles são muito responsáveis em suas funções e têm um desgaste”, afirmou. Para o ministro, Soares também passou pelo mesmo desgaste.
Guedes afirmou que, em meio à discussão do Orçamento, sempre há “caras mais criativos, mais simpáticos”, que apresentam o que seriam as alternativas, o que “naturalmente” atrai a atenção dos políticos. Os chefes da Fazenda, do Tesouro e do Orçamento, porém, compõem o time de “defesa”, que normalmente nega as solicitações. “Tesouro apanha, Fazenda apanha, governadores ficam aborrecidos, é função difícil”, disse. O ministro, porém, disse que não há problema pessoal, nem pressão política. “Não há problema pessoal com ninguém. Não houve pressão política para fazer esse movimento.”
Em outro momento da coletiva, Guedes voltou a fazer deferências a Waldery e disse ser “muito grato” ao secretário. “Sou testemunha do trabalho dele, incessante”, afirmou, mencionando sacrifícios pessoais e familiares do secretário. “Seria ingratidão, desrespeito e falta de lealdade dizer ‘Guedes demitiu'”, reforçou o ministro.
Mesmo com as mudanças, Guedes reafirmou o compromisso da equipe com a saúde e com a responsabilidade fiscal e buscou transmitir espírito de união. “Somos uma equipe, somos companheiros, estamos no combate, com presidente Bolsonaro à frente”, disse. “Somos equipe unida, os que permanecem no combate são unidos.”
Por Idiana Tomazelli
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