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Dona da Animale e da Farm dá salto ao entrar em moda popular

Em um momento em que grandes varejistas brasileiras buscam vias de crescimento em meio à pandemia de covid-19, com aquisições, fusões e investimentos em tecnologia, ninguém agiu mais rápido do que o Grupo Soma, que arrematou a compra da Hering, por R$ 5,1 bilhões, em um movimento que surpreendeu muita gente no mercado. Mas quem, afinal, é o Soma, esse “novato” que agora virou dono de uma marca de 140 anos?

Com origem na fusão da Animale e da Farm, ocorrida em 2010, o Soma já tinha certa musculatura: eram 264 lojas ao fim de 2020 e mais de 5,3 mil funcionários no País. Após realizar sua estreia na Bolsa, em julho de 2020, em operação que captou R$ 1 bilhão, o Grupo Soma focou em um plano de expansão e digitalização, sempre com foco em marcas premium.

A composição acionária do Soma é bem pulverizada: o presidente Roberto Jatahy (fundador da Animale) tem 16% e é o maior acionista. Todos os proprietários de negócios que foram adquiridos ao longo do caminho também mantiveram alguma participação: Cris Barros e Nati Vozza, por exemplo, têm hoje 1,56% e 0,87%, respectivamente. A fatia em negociação no mercado equivale a 37% do negócio. Com o acordo com a Hering, haverá nova diluição entre os acionistas principais.

Conhecida por suas aquisições, a companhia tem hoje nove marcas: Animale, Farm, Fábula, A. Brand, Foxton, Cris Barros, Off Premium, Maria Filó e ByNV – esta última adquirida após o IPO, por conta de sua forte presença digital. Nada, porém, que se compare ao negócio gigante, fechado em uma negociação de apenas três dias com a família Hering.

Segundo Alberto Serrentino, fundador da consultoria Varese Retail, o Grupo Soma hoje é lucrativo porque a fusão das marcas Farm e Animale foi um processo que soube explorar as sinergias entre os dois negócios e harmonizar as culturas. “A Animale era maior que a Farm, com estrutura e gestão mais robustas. Mas a Farm tinha duas características interessantes: presença internacional, com colaborações com marcas estrangeiras e vendas nos Estados Unidos, além de uma operação digital mais forte.”

O consultor afirma que processos de fusões e aquisições não são garantia de sucesso – mas a Soma conseguiu um saldo positivo em suas operações. “O crescimento por aquisição de marcas não é fácil de fazer, mas, no caso da Soma, deu certo porque foi feito de maneira estruturada, com gestão profissionalizada e uma visão estratégica de longo prazo mais consistente. A empresa era muito saudável, tanto é que depois se credenciou para o IPO.”

Expansão

Com a aquisição da Hering, o Grupo Soma, que possui apenas marcas do segmento premium, entra em uma área na qual ainda não atuava: o de produtos que também conquistam o consumidor pelo preço. Além disso, a Soma terá de lidar com uma cultura que mistura varejo e indústria, uma vez que a Hering concentrava a maior parte de sua produção dentro de casa. A marca foi criada em 1880 e tem forte tradição fabril.

O presidente do Grupo Soma, Roberto Jatahy, disse ontem que o potencial de mercado do conglomerado saltou de R$ 30 bilhões para R$ 110 bilhões com a compra da Hering. “Isso mostra o novo potencial de crescimento que temos”, diz Jatahy. “A Hering traz aumento de mercado potencial e complementaridade de marcas.”

Outro trunfo do Soma na negociação com a Hering foi o reconhecimento do legado da empresa de 140 anos. Jatahy garante que a marca Hering seguirá com independência. “Temos a vantagem de ter um CEO que traz a marca no seu sobrenome. Thiago Hering segue com independência na gestão da marca”, afirma. (Colaboraram Talita Nascimento e Fernanda Guimarães)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Heloísa Scognamiglio

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Estadão Conteúdo

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