O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (22), na Conferência de Líderes sobre o Clima, que ouviu o pedido do presidente americano Joe Biden para adoção de medidas mais ambiciosas com relação a preservação do meio ambiente e se comprometeu a alcançar a neutralidade climática no País até 2050, “antecipando em 10 anos a sinalização anterior”.
Para alcançar o objetivo, Bolsonaro se comprometeu a eliminar o desmatamento ilegal no País até 2030, “com a plena e pronta aplicação do nosso Código Florestal”, afirmando que a medida reduzirá em quase 50% as emissões de gases do efeito estufa do Brasil até esta data. De acordo com o presidente, o País é um dos poucos a adotar metas de redução de emissões.
Bolsonaro afirmou que, “apesar das limitações orçamentárias do governo”, determinou o fortalecimento dos órgãos ambientais do País, duplicando os recursos destinados às ações de fiscalização das florestas e biomas brasileiros. A declaração, entretanto, coincide com outra, dada nesta semana pelo presidente a apoiadores de que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) está sendo “mais racional” com os produtores rurais em questões relacionadas à ocupação de terras.
Entre as ações do governo brasileiro, o presidente destacou que o País “está na vanguarda na defesa do enfrentamento ao aquecimento global”, em ações agrícolas e energéticas, como a utilização de fontes alternativas.
“O Brasil participou com menos de 1% das emissões históricas de gases de efeito estufa, mesmo sendo uma das maiores economias do mundo. No presente, respondemos por menos de 3% das emissões globais anuais”, discursou. “Contamos com uma das matrizes energéticas mais limpas, com renovados investimentos em energia solar, eólica, hidráulica e biomassa. Somos pioneiros na difusão de biocombustíveis renováveis, como o etanol, fundamentais para a despoluição de nossos centros urbanos”, completou o presidente.
Apesar de dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão federal responsável pelo monitoramento nacional, apontarem níveis críticos de cortes ilegais registrados no mês passado, Bolsonaro reforçou que o governo “preserva o bioma amazônico”. Pelo instituto, na região da Amazônia Legal, foram identificados 368 quilômetros quadrados de área desmatada. Trata-se do maior volume registrado para março desde 2015. No ano passado, a área devastada no mesmo mês chegou a 327 km. Em 2019, foram 251 km.
Bolsonaro também afirmou ser necessário combater desigualdades sociais na região amazônica, colocando a solução do problema como “condição essencial” para o desenvolvimento sustentável da região. “Devemos aprimorar a governança da terra, bem como tornar realidade a bioeconomia, valorizando efetivamente a floresta e a biodiversidade. Esse deve ser um esforço, que contemple os interesses de todos os brasileiros, inclusive indígenas e comunidades tradicionais”, declarou o presidente.
Bolsonaro participou nesta manhã da Conferência de Líderes sobre o Clima, convocada pelo presidente americano Joe Biden. Segundo o Departamento de Estado dos Estados Unidos, o evento é uma oportunidade para que as lideranças globais “destaquem os desafios relacionados ao clima que seus países enfrentam e os esforços em prática, bem como anunciar novos passos para fortalecer a ambição climática”.
México
O presidente do México, López Obrador, afirmou nesta quinta-feira na Cúpula do Clima que seu país vai parar de exportar petróleo bruto, como forma de combater as mudanças climáticas, e, gradativamente, utilizar as reservas do óleo apenas para demanda interna. Ele, porém, não deu prazo para a meta.
“Energia hidrelétrica é limpa e barata. Vamos reduzir o uso de carbono como fonte de energia”, declarou Obrador, que ainda destacou recentes iniciativas do país em reflorestamento e agradeceu ao presidente americano, Joe Biden, por tomar a frente nas discussões sobre mudanças climáticas.
Obrador ainda afirmou que os fluxos migratórios precisam ser organizados “de forma muito humana”. O México viveu tempos de rusgas com os EUA sobre o tema durante a gestão do ex-presidente Donald Trump, que chegou a iniciar a construção de um muro entre os dois países para conter a imigração ilegal.
Por Matheus de Souza, Pedro Caramuru e Elizabeth Lopes
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