Mercados

Juros sobem com realização de lucros e releitura negativa sobre Orçamento

Os juros fecharam a terça-feira em alta, que foi mais acentuada nos vencimentos de longo prazo e, com isso, a curva voltou a ganhar inclinação. A despeito do recuo do dólar em boa parte da sessão, da queda nos rendimentos dos Treasuries e de dados positivos da arrecadação federal, o mercado hoje reagiu mal ao resultado do acordo para o Orçamento de 2021, aproveitando para realizar lucros após quatro sessões consecutiva de baixa nas taxas.

Se na segunda-feira, 19, numa primeira leitura, trouxe algum conforto a ideia de que o impasse havia finalmente chegado ao fim, hoje, com mais detalhes dos ajustes feito ao texto, a conclusão é de que a responsabilidade fiscal ficou comprometida, ainda que oficialmente tenha havido respeito ao teto de gastos.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) de janeiro de 2022 fechou a sessão regular a 4,69%, de 4,636% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 7,876% para 7,98%. A do DI para janeiro de 2027 encerrou em 8,63%, de 8,494% na segunda-feira.

“A curva entrou numa correção. O Orçamento foi resolvido de forma a não romper formalmente o teto e do ponto de vista político foi ‘ok’, mas não mostrou comprometimento grande com o fiscal”, disse a economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, Helena Veronese.

O acordo para o Orçamento pode elevar a mais de R$ 125 bilhões os gastos de combate à pandemia de covid-19 fora da meta que limita o déficit a R$ 247,1 bilhões e do teto de gastos. Porém, o ministro da Economia, Paulo Guedes, preferiu enfatizar que os gastos recorrentes continuam sob o teto e garantem o compromisso do governo com a Saúde e com a responsabilidade fiscal. “Somente gastos com saúde estarão fora do teto, como aconteceu no ano passado. Teremos em 2021 o mesmo protocolo de 2020”, argumentou.

O acordo também permitiu à equipe econômica relançar programas de crédito a micro e pequenas empresas (Pronampe) e de redução de jornada e salário ou suspensão de contratos de trabalhadores (BEm). No mesmo acerto da segunda-feira, o governo ainda cedeu à pressão dos parlamentares e deve preservar R$ 16,5 bilhões em emendas a partir de cortes em suas próprias despesas de custeio e investimento.

Embora o imbróglio do Orçamento tenha “se resolvido”, os cenários fiscal e político ainda devem continuar mantendo a curva inclinada, na medida em que outros riscos no radar recomendam cautela, como a CPI da Covid e a pandemia.

Na agenda, a terça-feira trouxe dados bons da arrecadação, mas relegados, na medida em que foram inflados pelo câmbio, via receitas obtidas com a tributação de importações, e que os números de abril já devem mostrar piora com o aumento das restrições à circulação e à atividade.

A arrecadação somou R$ 137,932 bilhões em março, acima do teto das estimativas de R$ 128,8 bilhões. “Para abril, a expectativa é de número mais fraco, já que passamos um mês praticamente dentro da pandemia”, afirmou Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

Por Denise Abarca

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Estadão Conteúdo

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