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Com sinal ruim sobre Orçamento, Bolsa vira no fim e cai

Bolsa fechou em leve baixa de 0,15% nesta segunda-feira (Foto: Espaço B3/Divulgação)

O forte desempenho das ações de Petrobras (PN +5,80%, ON +5,03%), reagindo bem à fala inicial do novo presidente, Joaquim Silva e Luna, colocava o Ibovespa a caminho do sexto ganho seguido, em sua melhor sequência desde o início de novembro. Contudo, na reta final da sessão, o índice perdeu força e oscilou para o negativo, de onde não mais sairia até o fechamento, com a reação do mercado ao corte de apenas R$ 10,5 bilhões em emendas, sinalizado pela ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, responsável pela interlocução entre Planalto e Congresso.

Assim, o Ibovespa interrompeu série de cinco ganhos ao fechar a segunda-feira em leve baixa de 0,15%, aos 120.933,78 pontos, entre mínima de 120.682,17 e máxima de 121.974,21 pontos nesta segunda-feira.

Mais cedo, o desempenho da sessão – de vencimento de opções sobre ações – colocava o índice da B3 mais perto de recuperar a linha de 122 mil pontos, ensaiada na máxima da sessão, quando atingiu o maior nível intradia desde 19 de janeiro (122.120,24 pontos), parecendo, até a virada final, a caminho do maior nível desde o fechamento de 14 de janeiro (123.480,52).

A sinalização ruim sobre o Orçamento de 2021, que precisa ser sancionado até quinta-feira, com feriado na quarta, foi decisiva para colocar os investidores na defensiva no fim da tarde, após três semanas de ganhos para o Ibovespa.

Embora com avanço moderado, abaixo de 1% em cada das últimas cinco sessões, foi a mais longa série positiva desde novembro, quando o mercado, aqui e no exterior, reagia à eleição americana e à proximidade da vacina para covid-19. Com o vencimento de opções sobre ações, o giro financeiro foi nesta segunda-feira a R$ 56,1 bilhões. No mês, o Ibovespa passa a acumular ganho de 3,69%, após avanço de 6% em março, o que o coloca agora em alta de 1,61% no ano. Na mínima desta sessão, o índice foi a 120.682,17, pós-Arruda, às 16h28, com abertura a 121.116,05 pontos.

“O cenário ainda é incerto para o mercado no curto prazo. A decisão sobre o Orçamento de 2021, a ser tomada até quinta-feira, é o grande ponto de atenção. Sem uma definição que demonstre controle da situação e priorização da saúde fiscal, aumentam os riscos de o teto de gastos ser desrespeitado”, diz Paula Zogbi, analista da Rico Investimentos.

“Há discussão de mais de um mês sobre BEm e Pronampe, ainda assim há incerteza sobre como elevar despesas sem ferir teto de gastos e, mais do que isso, a percepção do mercado. É provável que haverá vetos parciais (no Orçamento de 2021) até quinta-feira e talvez, mesmo com o PLN 2, a gente tenha novos projetos a serem encaminhados ao Congresso. Essa discussão deve perdurar mais alguns dias, o que deve causar mais volatilidade ao mercado”, diz Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest.

Nesta segunda, a performance de Petrobras, contida na reta final com a perda de força do Ibovespa, mais do que compensava o ajuste negativo em Vale ON (-0,87%) e o desempenho negativo do setor de siderurgia (CSN -1,19%) – apesar do avanço do preço do minério de ferro na China, com fortalecimento da demanda global por aço – e nova retração do segmento financeiro (Bradesco ON -1,24%, Itaú PN -1,50%), o de maior peso no Ibovespa.

Mesmo assim, Petrobras devolveu parte do prêmio negativo acumulado desde fevereiro, quando, ao se anunciar que Roberto Castello Branco não seria reconduzido pelo governo a novo período à frente da empresa, emergiu o temor de interferência política nos preços dos combustíveis. No ano, Petrobras PN ainda acumula perda de 11,45% e a ON, de 14,73%. Ao assumir o cargo nesta segunda-feira, Silva e Luna mencionou que, ainda que se busque redução da volatilidade nos preços, o alinhamento com a realidade internacional da commodity não será perdido de vista, um sinal bem recebido pelos investidores.

Dessa forma, as ações de Petrobras seguraram a ponta do Ibovespa nesta segunda-feira, junto a Braskem (+5,62%), após notícia de que fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos negocia com a antiga Odebrecht compra de fatia da empresa petroquímica, e a JBS (+3,74%), após compra de empresa europeia de proteína vegetal, em iniciativa de diversificação. No lado oposto, Hering devolveu parte dos ganhos recentes, em baixa de 3,98% nesta segunda-feira, à frente de Eneva (-3,60%) e de Lojas Renner (-3,56%).

Por Luís Eduardo Leal

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