O real começou a semana com o pior desempenho ante o dólar no mercado internacional, considerando uma cesta de 34 moedas mais líquidas. Em meio ao impasse com o Orçamento de 2021, e com o texto de 2022 já para entrar na pauta do Congresso, o noticiário de Brasília teve peso decisivo para a moeda americana bater em R$ 5,74 na máxima do dia, o maior nível alcançado em abril. O Broadcast apurou que o governo estuda uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para ações contra a covid-19 sem ter de acionar o estado de calamidade, abrindo espaço também ao pagamento emendas parlamentares. Com isso, parte dos recursos da saúde ficaria fora do teto e seria bancado com créditos extraordinários.
Em dia de fraco volume de negócios e dólar de lado no exterior, por causa da agenda esvaziada de indicadores hoje, a moeda americana caiu pela manhã, recuando a R$ 5,63, mas passou a subir no início da tarde, puxada pela valorização das taxas de retorno dos juros longos americanos. Em seguida, acelerou a alta com o noticiário interno, batendo na máxima em R$ 5,7423.
No fechamento, o dólar à vista terminou a segunda-feira em alta de 0,84%, a R$ 5,7224. No mercado futuro, o dólar para maio era negociado em R$ 5,7285, com valorização de 0,68% às 17h36.
“Mais contabilidade criativa? Brasília não para de querer conspirar contra ao Brasil”, comentou um gestor de multimercados ao falar da proposta de PEC para a covid, que pode tirar parte dos gastos da saúde do teto. “Toda essa discussão acontecendo ainda sem nenhuma definição do Orçamento de 2021”, completou.
Em meio ao imbróglio sobre o Orçamento, o Broadcast publicou que há até uma proposta de Jair Bolsonaro viajar ao exterior, para que o presidente da Câmara, Arthur Lira, possa assinar a peça, sem o presidente correr o risco de ser responsabilizado por crime fiscal.
A economista-chefe do Banco Santander, Ana Paula Vescovi, comentou em live hoje da Genial Investimentos que já era para esse orçamento ter sido aprovado ao final de 2020. Ela lembrou ainda que no próximo dia 15 entra o período em que o Executivo precisa apresentar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2022.
A ex-secretária do Tesouro vê uma “paralisia total” para a aprovação deste Orçamento, em meio a restrições de recursos frente ao teto de gastos.
“Com relação ao orçamento, o impasse continua com os líderes do Congresso e o governo não conseguindo chegar a um acordo sobre como ajustar as despesas obrigatórias a um nível confiável”, observam os economistas para Brasil do JPMorgan, citando ainda para complicar o quadro de incerteza e ruídos políticos a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luis Roberto Barroso sobre instaurar a CPI da Pandemia no Senado.
Por Altamiro Silva Junior
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