Os dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) não viam riscos de superaquecimento no cenário econômico da zona do euro durante a reunião de política monetária ocorrida em 10 e 11 de abril, segundo ata do encontro divulgada nesta quinta-feira. Na ocasião, a entidade manteve as principais taxas de juros locais, a de refinanciamento e a de depósitos, em 0% e -0,50%.
“Era importante garantir que o BCE manteria uma política monetária acomodatícia durante o tempo necessário e não via risco de sobreaquecimento na área do euro na conjuntura atual”, diz a ata, publicada pela instituição. “Tendo em vista a forte contração da economia da zona do euro e a recuperação desigual entre os setores, considerou-se importante realçar a necessidade de continuar apoiando políticas fiscais para sustentar a recuperação”, acrescenta.
A garantia de política monetária acomodatícia e apoio à fiscal expansionista tem sido uma máxima entre dirigentes do BCE desde o início da crise da covid-19. “É importante garantir que manteremos a acomodação monetária pelo tempo que for preciso”, também traz o documento de hoje.
A ata do BCE também minimiza a recente escala dos juros de títulos públicos da região, em linha com o ocorrido com os Estados Unidos. Segundo o documento, os dirigentes ressaltaram a necessidade de evitar a impressão de que estariam muito focados na alta dos rendimentos.
“Embora os rendimentos de títulos soberanos tenham aumentado, observou-se que isso ocorreu principalmente por conta da expectativa de inflação mais elevada e de melhores perspectivas para a economia global”, diz a ata, ao explicar o movimento dos juros. O documento do BCE também atribui o fenômeno aos fortes estímulos fiscais anunciados pelo governo americano e à alta nos preços das commodities, que têm impacto sobre a inflação.
Por outro lado, o documento traz que a alta dos rendimentos de títulos de longo prazo se deu de modo mais moderado na zona do que em outras economias avançadas. “Investidores começaram a reavaliar o balanço de riscos em torno das perspectivas de inflação e não viam mais apenas riscos de baixa em torno das perspectivas de inflação, como haviam feito na maior parte de 2020”, ressalta o documento.
Por Eduardo Gayer e Sergio Caldas
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