O dólar opera em baixa, alinhado à tendência no exterior, e ajuda a limitar as altas dos juros futuros em toda a curva a termo na manhã desta segunda-feira (5), na esteira do avanço dos retornos dos Treasuries longos nos Estados Unidos. Os ativos financeiros globais ecoam ainda o payroll forte americano em março divulgado na sexta-feira (2), durante o feriado no Brasil, EUA e Europa.
Os juros futuros de curto prazo recuam, acompanhando o dólar. No Brasil, o impasse sobre o Orçamento de 2021 e a pandemia fora de controle seguem como pano de fundo de cautela, segundo operadores do mercado.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alertou sobre o risco de descontrole das contas públicas, em entrevista no exclusiva no sábado, ao Estadão/Broadcast. E ressaltou que a vacinação no Brasil é que vai ditar o ritmo de abertura da economia. Os dois fatores estão no radar do BC para a definição dos próximos passos da taxa Selic, os juros básicos do Brasil, que depois de cair para o nível histórico de 2% ao ano, subiram para 2,75% para conter o avanço da inflação.
“Se o Orçamento passar a percepção de que ele é inexequível ou precise fazer algum tipo de suplementação de crédito para que atinja os números, é um fator que vai preocupar o BC. É um fator que vai alterar o prêmio de risco fiscal que está embutido nas variáveis macroeconômicas e isso atrapalha a condução da política monetária”, disse Campos Neto.
A agenda está mais fraca hoje e, na semana, o destaque fica com o IPCA de março, na sexta-feira. Na pesquisa Focus, divulgada nesta manhã, a mediana das projeções para IPCA de 2021 permaneceu em 4,81% e para 2022 foi de 3,51% para 3,52%. A projeção dos economistas para a inflação está acima do centro da meta de 2021, de 3,75%, sendo que a margem de tolerância é de 1,5 ponto (de 2,25% a 5,25%). A meta de 2022 é de 3,50%, com margem de 1,5 ponto (de 2,00% a 5,00%). A Selic permanece em 5% para fim de 2021 e em 6,00% para fim de 2022. A previsão para o PIB de 2021 passou de alta de 3,18% para 3,17% e para 2022, de 2,34% para 2,33%. Ja a mediana para o câmbio foi de R$ 5,33 para R$ 5,35 em 2021 e passou de R$ 5,26 para R$ 5,25 para fim de 2022.
Mais cedo foi revelado também que o IPC-Fipe, que mede a inflação na cidade de São Paulo, subiu 0,71% em março, de 0,23% em fevereiro e de 0,64% na terceira quadrissemana do mês passado.
Às 9h24 desta segunda-feira, o dólar à vista recuava 0,77%, a R$ 5,6712. O dólar futuro para maio caía 0,64%, a R$ 5,6805. Na renda fixa, o contrato de Depósito Interfinanceiro para janeiro de 2022 apontava taxa de 4,655%, de 4,63% no ajuste de quinta-feira. O DI para janeiro de 2023 subia a 6,535%, de 6,51% no ajuste anterior. E o DI para janeiro de 2027 avançava a 8,810%, de 8,79% no ajuste de quinta-feira.
Por Silvana Rocha
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