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Dólar inicia trimestre a R$ 5,7153, com alta de 1,54% espelhando risco fiscal

O dólar engatou trajetória de alta nesta primeira sessão de abril e véspera de feriado, após encerrar a sessão da quarta-feira, 31, em queda de mais de 2%, chegando a R$ 5,7158 na máxima intraday na contramão do movimento frente a moedas de pares do real, que se valorizavam, principalmente na etapa vespertina dos negócios. De acordo com especialistas em câmbio, os investidores tomam posição defensiva por causa do imbróglio em relação ao Orçamento de 2021 que espelha os graves riscos fiscais do país e, do ponto de vista externo, a expectativa de que dados mais fortes do mercado de trabalho americano – a serem divulgados nos Estados Unidos enquanto o mercado estará fechado no Brasil – possam pressionar os juros dos Treasuries. E isso em meio à crise sanitária na qual o ritmo de vacinação é lento.

Ao final do dia, a divisa norte-americana encerrou em alta de 1,54%, cotada a R$ 5,7153.

“Após o resultado do Payroll, o câmbio no Brasil deve abrir corrigindo na segunda-feira”, ressalta Camila Abdelmalack economista-chefe da Veedha Investimentos. “Por isso, do ponto de vista externo, há uma cautela com o fortalecimento do dólar e a pressão sobre os juros dos Treasuries.”

Segundo ela, localmente, o segundo trimestre do ano inicia com muitas incertezas do ponto de vista orçamentário, com algum ruído no que diz respeito às tratativas sobre as emendas e cortes das despesas obrigatórias e, sem a sanção presidencial, um risco de ‘shutdown’ batendo à porta.

Nesta quinta-feira, em relatório a clientes economistas do Santander escreveram que o ajuste terá que ocorrer mediante vetos, créditos suplementares ou contingenciamento, o que sempre traz fricções no relacionamento com ministérios, Congresso, outros Poderes, e com reflexos para a governabilidade.

O Credit Default Swap (CDS) de 5 anos do Brasil, termômetro do risco País, recuou a 224.57 pontos no período da tarde após chegar a 225.00 pontos na véspera, de acordo com cotações da IHS Markit.

Nos ativos correlacionados, os contratos futuros de petróleo fecharam em alta após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) informar que vai suspender gradualmente seus cortes de produção entre maio e julho. Investidores olham para as perspectivas de alta da demanda global por petróleo, diante do esperado relaxamento das medidas restritivas contra a pandemia em algumas das principais economias mundiais nos próximos meses. Já o contrato mais líquido do ouro também fechou em alta, impulsionado pelo recuo nos juros dos Treasuries e desvalorização do dólar ante pares durante a sessão, principalmente frente a uma cesta de moedas fortes e ainda de boa parte de emergentes, como México, Turquia e Chile.

Por Simone Cavalcanti

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Estadão Conteúdo

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