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Dólar passa a cair com Fed sinalizando juros baixos por período longo

O dólar operou nesta quarta-feira com dois movimentos distintos. Antes da reunião do Federal Reserve, prevaleceu a alta e a moeda chegou a tocar em R$ 5,68 em meio a novo aumento dos juros longos americanos. Após o encontro, tudo mudou e o dólar passou a cair e testar as mínimas do dia, em R$ 5,57. A sinalização de que não haverá aumento de juros nos Estados Unidos ao menos até 2023 e a declaração do presidente do Fed, Jerome Powell, de que a pressão inflacionária é temporária e que “aumento transitório” acima da meta não levará a mudanças de política monetária provocaram mudanças na dinâmica dos mercados, com dólar acelerando queda no mercado internacional, juros longos perdendo força e bolsas aumentando os ganhos. A expectativa agora é para o final da reunião do Banco Central, que pode ter o primeiro aumento de juros no Brasil em 6 anos.

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No fechamento, o dólar à vista encerrou em queda de 0,59%, a R$ 5,5861. No mercado futuro, o dólar para abril caiu 0,71%, a R$ 5,5870.

“O Fed está nos dizendo que o cenário para a economia americana está melhor, mas para não nos preocuparmos muito com elevação de juros”, comenta o economista do banco canadense CBIC Capital Markets, Avery Shenfeld. O BC americano elevou a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto, melhorou a do desemprego, mas houve apenas leve mudança sobre a volta da elevação dos juros, com a maioria dos dirigentes prevendo aumento depois de 2023.

Powell afirmou que o Fed almeja inflação acima de 2% “por um tempo” e que não é o momento agora para se discutir retirada de estímulos monetários. “Métricas mostram que política segue acomodatícia, o que é apropriado”, disse o presidente do Fed. Com essas declarações e o comunicado da reunião, as taxas de retorno (yields) dos juros longos americanas passaram a cair, no caso do título de 2 anos, e desaceleram as altas, nas demais. O dólar acompanhou o movimento e passou a cair ante divisas fortes e acelerou a queda nos emergentes, com perdas acima de 1% no México e África do Sul.

Passado o Fed, as atenções se voltam agora para a reunião do Copom, que termina pouco depois do fechamento do mercado. A expectativa é de elevação de 0,50 ponto porcentual na Selic, mas há que não descarte alta maior, de 0,75 ponto. Para a analista de moedas do Commerzbank, Melanie Fischinger, qualquer coisa abaixo de 0,50 ponto seria visto como decepção pelo mercado e teria efeito negativo no câmbio.

Apesar dos juros voltarem a subir, o que é positivo para o real, Fischinger observa que o cenário no Brasil ainda é muito incerto. A aceleração de casos de covid deve aumentar a pressão por mais gastos do governo, mesmo com o auxílio emergencial de quatro meses aprovado com a PEC Emergencial. Há risco de mais medidas populistas por Jair Bolsonaro e a inflação não dá mostras de estar cedendo, ressalta ela.

Por Altamiro Silva Junior

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Estadão Conteúdo

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