O consumo de alimentos saudáveis, que já vinha ganhando força entre os brasileiros, foi acelerado pela pandemia. Em 2020, as vendas desses produtos – que incluem de produtos sem glúten ou com menor teor de sódio a orgânicos certificados – atingiram R$ 100 bilhões no País, segundo a Euromonitor Internacional. Foi a maior cifra para essa categoria de alimentos desde 2006, quando esse segmento começou a ser monitorado pela consultoria. Em relação a 2019, o avanço foi de 3,5%.
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O movimento também foi constatado pela RG Nutri, especializada em nutrição e alimentação. No final de 2020, em parceria com a Tech Fit, a consultoria foi a campo para avaliar como estava a alimentação do brasileiro na pandemia. Ouviu cerca de mil pessoas e descobriu que 78% delas começaram a ficar mais atentas à alimentação e à saúde, e que 53% estavam buscando informação sobre a função dos alimentos.
“O consumidor começou a se preocupar muito mais com a sua saúde, de maneira holística, e com todo o sistema alimentar, de forma sustentável”, afirma Heloisa Guarita, CEO da consultoria que atende grandes indústrias do setor.
Essa mudança de comportamento do brasileiro, que está mais tempo em casa e experimentou novas possibilidades, diz Heloisa, obrigou grandes e tradicionais indústrias de alimentos a reverem o seu modo de produção – e de uma forma mais ágil, se aproximando de startups. Também as linhas de produtos foram reavaliadas.
No último ano, houve crescimento de novos alimentos e bebidas focados na ética e na sustentabilidade, com preocupação de não afetar negativamente o meio ambiente, usar embalagens sustentáveis e menos ingredientes como açúcar, gordura e sódio, segundo Naira Sato, diretora de pesquisa da consultoria Mintel. “Em comum entre todas as macro categorias, vemos que a pandemia provocou um aumento no lançamento de produtos que falam de mais naturalidade, funcionalidade e sustentabilidade.”
As novas demandas do consumidor por alimentos sustentáveis e o crescimento acelerado das startups do setor têm pressionado a indústria tradicional de alimentos a buscar caminhos mais rápidos para inovar. Um dos setores em que esse movimento é nítido é na indústria de carnes e de produtos lácteos, que tem lançado itens à base de plantas (plantbased), que imitam os de origem animal. Nos últimos dois anos, diz Heloisa, as vendas de alimentos plantbased no varejo cresceram 29%. Só entre dezembro e janeiro deste ano, 32 produtos com esse perfil chegaram ao mercado.
Startup
Um deles é o hambúrguer vegetal Futuro Burger 2030, da startup Fazenda Futuro. Feito a partir de uma nova matriz que imita a carne bovina, a empresa diz que o produto é mais sustentável, saudável e com sabor e textura ainda mais próximos da versão animal. Esse foi o terceiro lançamento da startup nos últimos 12 meses.
Segundo Marcos Leta, sócio-fundador, a venda dessa categoria cresce, em média, acima de 150% desde maio de 2019 no Extra e Pão de Açúcar, rede varejista parceria. Na visão de Leta, a relação de consumo, principalmente de alimentos, será outra após a pandemia. “O nosso propósito é produzir carne sem nada de origem animal e permitir que as pessoas continuem comendo o que gostam, mas sem fazer parte de uma cadeia de impactos ao meio ambiente.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Márcia De Chiara
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