Mercados

Queda do dólar perde força com cautela antes do fim da reunião do BC e Fed

O dólar operou a terça-feira em queda, corrigindo os excessos da segunda-feira, quando o real se descolou de seus pares e foi a pior moeda no mercado internacional. Nos negócios da tarde, porém, o ritmo de baixa perdeu fôlego, na medida em que as taxas de retorno (yields) dos Treasuries americanos, que caíam mais cedo, voltaram a subir, e a moeda dos Estados Unidos novamente superou os R$ 5,60.

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No mercado doméstico, os investidores seguem na expectativa pelo final da reunião de política monetária do Banco Central, que pode ter o primeiro aumento de juros no Brasil desde 2015.

No fechamento, o dólar à vista encerrou o dia cotado em R$ 5,6191, em baixa de 0,36%. No mercado futuro, o dólar para abril era negociado em leve alta de 0,07% às 17h40, a R$ 5,6240, em dia de baixo giro de negócios, enquanto os investidores aguardam o final da reunião do BC e do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), ambas nesta quarta-feira.

Ao contrário do Brasil, o cenário na economia americana melhorou desde a última reunião de política monetária. Por isso, há grande expectativa dos participantes do mercado sobre as novas previsões dos dirigentes do Fed para indicadores da atividade americana e especialmente para a taxa de juros.

Esta última vem no gráfico conhecido como “dot plot”, que reúne as estimativas de todos os participantes da reunião. O dólar pode se fortalecer se este gráfico mostrar taxas mais altas pela frente, avalia a diretora em Nova York de moedas da gestora BK Asset Management, Kathy Lian. Euro e divisas de emergentes seriam penalizadas neste cenário. Outra fonte de interesse é ver os comentários do presidente do Fed, Jerome Powell, sobre a recente elevação dos yields americanos, comenta Lian.

No Brasil, o Banco Central “está pronto para agir”, avalia o economista da consultoria internacional TS Lombard, Wilson Ferrarezi, em nota. Ele espera elevação de 0,50 ponto porcentual na taxa básica de juros, a Selic. Na medida em que a pressão inflacionária deve seguir no curto prazo, por conta de alta, por exemplo, nos preços dos combustíveis, Ferrarezi vê novas elevações de juros pela frente e projeta a Selic terminando o ano em 4%. Medidas adicionais de isolamento social devem pesar na atividade no curto prazo, mas a TS vê a vacinação ganhando força pela frente, chegando a 50 milhões de pessoas ao final de abril.

Apesar do início do ciclo de elevação dos juros, gestores de América Latina ouvidos este mês pelo Bank of America não esperam muita apreciação do real, em meio a incertezas fiscais e ruídos políticos. A grande maioria dos entrevistados, entre os dias 8 e 12, vê o dólar terminando o ano entre R$ 5,30 e R$ 5,60. Ao mesmo tempo não há mais gestores prevendo o dólar acima de R$ 6,00 ao final do ano, como havia em fevereiro (cerca de 5%).

Por Altamiro Silva Junior

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Estadão Conteúdo

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