Política

Guedes: Bolsonaro é ‘fenômeno político’ e é natural preocupação com combustível

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta terça-feira que o presidente da República, Jair Bolsonaro, é um “animal político” e um “fenômeno político” e, por isso, considera natural a preocupação dele com o preço dos combustíveis. Guedes citou à CNN a proximidade de Bolsonaro com o segmento dos caminhoneiros. A demanda do grupo levou o presidente a encomendar uma desoneração no preço do diesel, após sucessivos reajustes nos preços anunciados pela Petrobras.

—> Gostou desta notícia? Receba nosso conteúdo gratuito, todos os dias, em seu e-mail

Bolsonaro também acabou demitindo o presidente da companhia e indicando para seu lugar o general da reserva Joaquim Silva e Luna.

“É claro que ele, politicamente, é um animal político, é um fenômeno político. É natural que ele se preocupe com isso”, disse Guedes, ressaltando que cabe a ele expor o custo econômico de qualquer medida a ser adotada.

No caso da desoneração dos combustíveis, foi preciso elevar a tributação dos bancos sobre a aquisição de carros por pessoas com deficiência, além de acabar com um regime diferenciado da indústria química, para compensar o incentivo.

Reações do mercado

Na entrevista, Guedes foi questionado se o mercado estava exagerando na reação diante das mudanças na Petrobras ou da anulação das sentenças condenatórias do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nesses episódios, a Bolsa inicialmente desabou, enquanto juros e câmbio subiram, todos sinais de forte deterioração da percepção sobre o Brasil.

“Esse simbolismo (dos mercados)… Os mercados somos nós”, afirmou Guedes.

Lava Jato

Perguntado sobre a atuação da Lava Jato, o ministro defendeu a operação e disse, sem citar nomes, que houve uma quebradeira em estatais como Petrobras e Eletrobras. “Alguém coordenou toda essa política”, comentou Paulo Guedes.

Congresso

Após a ameaça de desidratação profunda da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que cria os gatilhos de ajustes em despesas, o ministro da Economia disse nesta terça que o governo tem conseguido um coeficiente de 70% de aprovação nas medidas econômicas enviadas ao Congresso Nacional, apesar do “fogo amigo”.

Em entrevista à CNN, Guedes não deu detalhes sobre a quem se referia ao citar o “fogo amigo”. Nos últimos dias, o ministro e sua equipe precisaram debelar uma série de pressões para desidratar a PEC emergencial, vindas inclusive do presidente Jair Bolsonaro e de aliados no Congresso Nacional.

Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, Bolsonaro patrocinou a tentativa de tirar os gastos com Bolsa Família de dentro do teto de gastos, a regra que limita o avanço das despesas à inflação.

Aliados do presidente como o deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO) e a bancada da bala, por sua vez, tentaram emplacar exceções para as categorias da segurança pública nos gatilhos que congelam salários quando há elevado comprometimento das finanças.

A pressão foi tão grande que o governo precisou ceder e abrir mão do congelamento em progressões e promoções nas carreiras de servidores, que também resultam em aumentos na remuneração. Sem essa concessão, a equipe econômica corria risco de ver todo o pacote fiscal da PEC naufragar no Congresso, que aprovaria apenas a autorização para a nova rodada do auxílio emergencial.

“Considerando todos os fatores, temos um Congresso reformista. Ele já avançou algumas questões da Previdência, da cessão onerosa. Estamos fazendo muita coisa que estava parada. O saneamento, por exemplo, 100 milhões vão poder ter água e esgoto, 35 milhões vão poder ter água corrente. Por todas essas pautas que estão passando, vemos um coeficiente de desidratação de mais ou menos 30%. Mandamos a Previdência e foram aprovados em torno de 70% do texto”, disse Guedes. “Quando você me pergunta se eu temo alguma desidratação… o presidente já me dizia que na democracia, assim como no futebol, goleada é difícil, é raro. Ganhar de 5 a 0, 4 a 0 é raro. Normalmente é 3 a 2, 2 a 1. Temos conseguido um coeficiente de 70%, considerando o fogo amigo, o que é satisfatório”, afirmou.

Guedes disse ainda que o governo levou dois anos fazendo a sua base parlamentar, e essa base agora “acaba de destravar as pautas”. No diagnóstico do ministro, a reforma administrativa deve ter aprovação “relativamente rápida”.

Já a reforma tributária, segundo ele, é “mais complexa”. “Não queremos cair na armadilha que está preparada para elevar impostos”, afirmou.

Por Idiana Tomazelli

Siga o Mercado News no Twitter e no Facebook e assine nossa newsletter para receber notícias diariamente clicando aqui.

Estadão Conteúdo

Recent Posts

País pode virar referência em pagamentos internacionais com uso de cripto, dizem especialistas

O Brasil tem a oportunidade de ser referência em pagamentos internacionais, assim como já é…

21 horas ago

Deputado do agro quer comissão externa para ‘colocar dedo na ferida’ do Carrefour

Lideranças do agronegócio estão indignadas com a decisão do Carrefour de boicotar a carne do…

22 horas ago

Federação de Hotéis e Restaurantes de SP organiza boicote ao Carrefour

A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) convocou empresários…

1 dia ago

Gol anuncia nova rota semanal entre Curitiba e Maringá

A Gol Linhas Aéreas anunciou o lançamento de uma nova rota que liga Curitiba (PR)…

2 dias ago

Governo de SP prevê R$ 1,3 bi em segurança viária para concessão da Nova Raposo

A concessão rodoviária do Lote Nova Raposo (São Paulo) vai a leilão na próxima quinta-feira,…

2 dias ago

Petróleo pode cair de US$ 5 a US$ 9 em 2025 com grande oferta e problemas da demanda

O preço do barril do petróleo tipo Brent tende a cair de US$ 5 a…

2 dias ago