Os juros futuros de curto prazo fecharam em alta e os demais recuaram, configurando um dia de desinclinação para a curva de juros, em meio ao reforço das apostas de alta da Selic. A disparada da mediana das estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo ( IPCA) na Focus e o dólar flertando com os R$ 5,65 novamente ampliaram os ajustes, com evolução não somente da expectativa de aperto de 0,75 ponto da Selic na próxima quarta-feira, mas também, como mostram as opções digitais de Comitê de Política Monetária (Copom), têm crescido as apostas na possibilidade de alta de até 1 ponto.
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À tarde, o desenho, porém, ficou um pouco mais equilibrado, com redução do ritmo de avanço do trecho curto e mínimas nos longos. O dólar se afastou das máximas do dia após nova intervenção do Banco Central e perda de força no exterior, além de lideranças do Congresso reforçarem discurso reformista, estancando um pouco da aversão ao risco vista nos últimos dias. No exterior, houve trégua na pressão do rendimento dos Treasuries, o que contribuiu para manter a ponta longa por aqui bem comportada.
No fim da sessão regular, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 projetava 4,28%, de 4,216% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2025 caía de 7,446% para 7,40%. A taxa do DI para janeiro de 2027 estava em 7,96%, de 8,204%.
O operador de renda fixa da Terra Investimentos, Paulo Nepoumuceno, afirma que, muito mais do que por um alívio na ponta longa, a descinclinação se deu em função do maior conservadorismo em relação ao Copom. “Desde sexta o mercado vem trabalhando a possibilidade de choque de juros. Temos a inflação de curto prazo saindo da meta, muito mais perto do teto, e o BC queimando reservas para tentar segurar o dólar. E, ainda que não tenha piorado hoje, a ponta longa segue muito inclinada”, afirmou, lembrando que o cenário fiscal e político se mantém desafiador.
A pesquisa Focus mostrou que a mediana das previsões para IPCA de 2021 saiu de 3,98% para 4,60% e a do IPCA para março saltou de 0,45% para 0,85%. A mediana para a Selic no fim do ano avançou de 4,00% para 4,50%. “Temos ressaltado a deterioração rápida dos principais parâmetros que teria ocorrida na previsão do modelo do Bacen. A mediana das expectativas do IPCA voltou a piorar e já aponta um diferencial de 0,85 ponto ante à meta central”, afirma o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho.
Pouco antes do fechamento da sessão regular, as taxas longas ampliaram ligeiramente a queda, influenciadas pela fala dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), otimista sobre a agenda de reformas, tipo de coisa que sempre soa como música aos ouvidos do mercado. Pacheco, que havia tirado a privatização da Eletrobras da lista de prioridades para sua gestão, nesta sexta classificou como “tolerável” o modelo proposto pelo governo para a privatização da companhia. Já Lira disse que a Casa “entregará rápido” ao Senado a aprovação do texto negociado para a Eletrobras e os Correios.
Por Denise Abarca
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