O dólar voltou a subir forte nesta segunda-feira, 15, com o real descolado de seus pares, e encostou em R$ 5,66, em dia marcado por cautela no mercado internacional, por conta da agenda carregada na semana, com várias reuniões de bancos centrais, e países suspendendo o uso da vacina da AstraZeneca. Nesse ambiente, operadores relataram saída de capital externo do Brasil, em sessão marcada por dois leilões extraordinários do Banco Central, que injetou US$ 1,5 bilhão ao todo. No final da tarde, a moeda americana voltou a acelerar o ritmo de valorização e o real terminou o pregão com o pior desempenho mundial, considerando as 34 divisas mais líquidas, enquanto o dólar acabou caindo em emergentes como México, Rússia e Turquia.
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No fechamento, o dólar à vista terminou o dia com alta de 1,44%, em R$ 5,6395. O dólar futuro para abril subia 1,40% às 17h38, em R$ 5,6355.
O BC fez pela manhã um leilão de US$ 500 milhões de swap, anunciado na sexta-feira. O efeito no câmbio foi praticamente nulo, porque a moeda americana subia no exterior. O real, porém, passou a se descolar de seus pares ao longo dos negócios, em meio a relatos de saída de recursos de estrangeiros do Brasil. Por isso, no início da tarde, o BC vendeu US$ 1,065 bilhão em moeda à vista.
O economista da Capital Economics, Shilan Shah, observa que com a alta das taxas de retorno (yields) dos juros longos americanos, os emergentes em geral passaram a registrar fuga de capital externo. Mas países como Brasil têm se destacado e perdido recursos também por conta de problemas internos, que no caso brasileiro é o aumento da incerteza política. “Indicadores de alta frequência sugerem que o apetite de estrangeiros por ativos de emergentes diminuiu nas últimas semanas, com as saídas no ritmo mais alto desde a pandemia”, observa.
Hoje, o banco americano JPMorgan rebaixou a recomendação para a bolsa brasileira e também fez um alerta para o câmbio, afirmando esperar volatilidade nos próximos meses. O banco americano mantém a visão de que o real tem espaço para se apreciar pela frente, especialmente com o esperado início esta semana do ciclo de elevação de juros pelo Banco Central, que ocorre em meio a aumentos dos preços das commodities. Mas o câmbio tem estreita correlação com o risco-país, que não deve cair, caso o ambiente político não melhore, alerta o JP. A entrada em cena de Luiz Inácio Lula da Silva antecipa o debate político da eleição de 2022 e pode gerar mais incerteza política, contribuindo também para aumentar o risco e a volatilidade. Nesse ambiente, o JP está cético quanto ao avanço de grandes reformas no Congresso, como a administrativa e a tributária. Para os juros, o banco projeta que a taxa básica chegue a 6% ao final do primeiro trimestre de 2022.
A reunião do Copom começa nesta terça-feira e os estrategistas do Bank of America acreditam que a volta da alta de juros pode ajudar a colocar o real, que vem operando descolado de outras moedas emergentes, em trajetória de mais normalidade. A reunião do BC termina no mesmo dia que a do Federal Reserve, em semana que terá ainda encontros de política monetária no Japão e Inglaterra. “A semana terá agenda pesada, com dados importantes da atividade nos Estados Unidos e decisões de bancos centrais. Deve ser semana de volatilidade, o que gera cautela”, comenta o economista-chefe do banco BV, Roberto Padovani, em áudio.
Por Altamiro Silva Junior
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