Os juros futuros fecharam o dia em alta, mais firme nos vencimentos de longo prazo, levando a curva a ganhar inclinação. As taxas curtas também subiram, mas em menor magnitude. O mercado operou durante todo o dia a reboque dos Treasuries, com o rendimento da T-Note de dez anos saltando para a marca de 1,63% nas máximas da sexta-feira, que não teve noticiário relevante na cena política. A poucos dias da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), o mercado segue ajustando apostas para a Selic, hoje com o pêndulo pesando um pouco mais para a alta de 0,5 ponto.
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A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou em 4,205% (regular) e 4,22% (estendida), de 4,121% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 5,889% para 5,97% (regular) e 5,96% (estendida). O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 7,44% (regular) e 7,40% (estendida), de 7,356% na quinta-feira. A do DI para janeiro de 2027 avançou de 7,884% para 8,02% (regular) e 7,96% (estendida).
Com o movimento desta sexta, a ponta longa devolveu toda a queda da quinta, com a taxa para janeiro de 2027 novamente acima dos 8%, num dia que o dólar esteve relativamente bem comportado. Mas a taxa da T-Note de dez anos explodiu, na sequência da sanção, na quinta, do pacote fiscal americano de US$ 1,9 trilhão e da informação do presidente Joe Biden de que em maio todos os americanos adultos estarão vacinados contra a covid.
“Se a onda de vendas do mercado de títulos se intensificar até a decisão do Fomc em 17 de março, o Fed pode finalmente ter que reagir contra o movimento dos rendimentos do Tesouro”, avalia Edward Moya, analista da Oanda.
Para Vladimir Caramaschi, estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, apesar da pressão que os Treasuries têm exercido na curva local, o cenário externo ainda é favorável, pois vê o juro americano em níveis baixos por um bom tempo. O problema maior é o quadro político. “O clima vai continuar ruim. Não vejo motivo para comemoração na PEC Emergencial”, disse.
Na quinta, o mercado relevou a desidratação do texto sofrida na passagem do Senado para a Câmara, olhando mais para o andamento da matéria em si. Projeção da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado mostra que O governo terá de propor o corte de aproximadamente R$ 30 bilhões em benefícios tributários até setembro para cumprir o que está na PEC, que deve ser promulgada na segunda-feira.
Na ponta curta, o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, afirma que os movimentos devem ser mais limitados, “pois estamos na antessala do Copom”. Este trecho mostra o dilema a ser enfrentado na próxima semana. De um lado, o aumento das restrições de mobilidade e o fechamento do comércio e serviços em função da escalada da pandemia são fatores deflacionários na economia. De outro, o fortalecimento global do dólar e das commodities trazem pressão inflacionária e revisões recorrentes nas estimativas de inflação.
“Os diretores terão de fazer um comunicado bem elaborado, que não assuste o mercado mas também não deixe transparecer que estão atrás da curva”, disse Perfeito. Nesse contexto, boa parte do mercado acredita que esse “meio do caminho” indica uma alta de 0,5 ponto.
Por Denise Abarca
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