Renda Fixa

Juros futuros disparam com decisão sobre Lula e alta de combustíveis

Os juros futuros fecharam a segunda-feira, 8, com alta expressiva. Já estavam bastante pressionados desde cedo pelo exterior, pelo reajuste de preços de combustíveis, tensão com escalada da Covid no País e, no fim do dia, a informação de que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, anulou as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito da Lava Jato trouxe nova rodada de estresse para a curva. De ganhos em torno de 20 pontos, os vencimentos intermediários, os que mais sofreram nesta segunda-feira, passaram a subir mais de 40 pontos.

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A leitura é de que, com os direitos políticos recuperados, Lula poderá disputar a eleição de 2022, o que é visto com um potencial acelerador para a tendência populista do governo Bolsonaro e um risco de antecipação da campanha eleitoral que pode atrapalhar a agenda de reformas. O quadro de apostas para a Selic voltou a ficar mais conservador, com a expectativa de alta de 0,75 ponto porcentual em março novamente ganhando terreno. Segundo o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, a curva precificava nesta tarde 61 pontos-base de aumento para o Copom na semana que vem, o que representa uma divisão do quadro, com 56% de probabilidade de elevação de 0,5 ponto porcentual e 44% de chance de alta de 0,75 ponto.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou em 3,950% (regular) e 3,990% (estendida), de 3,809% no ajuste de sexta-feira, e o DI para janeiro de 2024 subiu de 6,386% para 6,73% (regular) e 6,83% (estendida). A taxa do DI para janeiro de 2025 encerrou a regular em 7,27% e a estendida em 7,40%, de 6,955%, e a do DI para janeiro de 2027 passou de 7,594% para 7,86% (regular) e 8,01% (estendida).

As taxas recompuseram boa parte do prêmio descontado na sexta-feira. Inicialmente, a aprovação do pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão pelo Senado americano no fim de semana endossou receios de alta da inflação nos Estados Unidos, levando o yield da T-Note de dez anos para 1,60%. Segundo Rostagno, havia alguma expectativa de que o Senado pudesse desidratar o pacote, o que não aconteceu. O projeto agora volta para a Câmara. “Como a maioria lá é democrata, o valor deve ser mantido”, disse.

No fim da manhã, outra rodada de máximas na curva local foi vista após o anúncio da Petrobras de novo reajuste nos preços de combustíveis, reforçando a percepção ruim para a inflação e, mais que isso, elevando o temor sobre uma greve de caminhoneiros – categoria cujos protestos derrubaram o presidente da Petrobras.

José Júlio Senna, chefe do Centro de Estudos Monetários do Ibre/FGV, defendeu hoje que o ciclo de aperto monetário seja “crível” para o mercado. “O BC não pode entrar com a mão fraca”, afirmou Senna, durante seminário promovido em parceria com o Estadão. Para ele, uma ação rápida poderia reduzir a “inclinação” da curva e o BC deveria “seguir o mercado”, ou seja, subir a Selic na mesma proporção apontada pelas taxas dos títulos negociados. “O BC deve agir rápido sim e no nível que o mercado está esperando”, afirmou Senna.

A poucos minutos do fim da sessão regular, o mercado foi pego de surpresa com a decisão de Fachin, com os agentes passando a precificar maior chance de polarização nas eleições e risco de travamento da agenda de reformas. “Tínhamos uma janela considerada viável para reformas até setembro mais ou menos, mas se a campanha eleitoral for antecipada a chance de reformas impopulares, mas necessárias, passarem cai muito”, disse Rostagno.

Por Denise Abarca

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Estadão Conteúdo

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