Renda Fixa

Juros futuros recuam ainda sob efeito da PEC Emergencial e alívio nos Treasuries

Os juros futuros encerraram a semana em queda firme, com perda de inclinação na curva patrocinada pela melhora na percepção de risco fiscal, após a aprovação da PEC Emergencial ontem no Senado, e com a ajuda do alívio no segmento de Treasuries na tarde desta sexta-feira. Após encerrarem a manhã com viés de baixa, as taxas se consolidaram em queda a partir da virada no rendimento da T-Note de dez anos, que passou a oscilar abaixo de 1,55%, após atingir 1,61% na primeira etapa. O volume expressivo de prêmio acumulado nas últimas semanas atraiu ordens de venda, mesmo num ambiente sombrio para o crescimento em meio à escalada da Covid no Brasil e o colapso no sistema de saúde e com o dólar novamente pressionado. Dentro do consenso das estimativas, a produção industrial de janeiro (+0,40%) não chegou a influenciar os negócios.

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A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 3,80% (regular) e 3,82% (estendida), de 3,859% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 encerrou a 5,41% (regular) e 5,435% (estendida), de 5,583% ontem. A taxa do DI para janeiro de 2025 caiu de 7,176% para 6,95% (regular) e 7,00% (estendida) e a do DI para janeiro de 2027 fechou a regular em 7,59% e 7,64% estendida, de 7,844%.

O mercado de juros continuaria comemorando a aprovação da PEC, mas esbarrou na nova disparada dos retornos dos Treasuries, por sua vez, atribuída à leitura do relatório de emprego nos Estados Unidos, que mostrou um mercado de trabalho fortalecido em fevereiro. A geração de 379 mil postos superou com folga a mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, de 200 mil, com queda na taxa de desemprego, de 6,3% para 6,2%, endossando os temores de pressão inflacionária e de antecipação do aperto monetário nos Estados Unidos. As taxas longas subiam e as curtas oscilavam perto da estabilidade.

Na etapa vespertina, o movimento nos títulos do Tesouro americano perdeu força, permitindo à curva doméstica voltar a repercutir a PEC, com sucessivas mínimas principalmente nos vértices intermediários e longos. “O grande temor do mercado era a PEC, de que neste primeiro round não conseguiriam sustentar o teto”, resumiu o operador de renda fixa da Terra Investimentos Paulo Nepomuceno.

A expectativa é de tramitação rápida na Câmara, em tempo hábil para iniciar os pagamentos do auxílio ainda em março. “A recente deterioração da pandemia, com novas mortes batendo recordes a cada divulgação de dados e taxas ascendentes de ocupação hospitalar na maioria das regiões, pressionará por um processo (de votação) acelerado”, prevê o Itaú Unibanco. A previsão é de que seja votada nos dois turnos na Câmara na quarta-feira.

O Banco Fator destaca que aprovação da PEC emergencial no Senado tirou pressão dos juros e a curva perdeu inclinação. “Mas os níveis seguem elevados. Pressão sobre o Copom, que define a Selic dia 17 próximo”, afirma relatório da instituição, elaborado pelo economista-chefe José Francisco Lima Gonçalves.

Por Denise Abarca

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Estadão Conteúdo

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