O dólar fechou a sexta-feira, 5, acumulando alta de 1,39% nos últimos cinco dias, a terceira semana seguida de ganhos. Com isso, em 2021, a valorização da moeda americana bate em 9,54%, com o real mantendo o pior desempenho dos emergentes. Nem o cenário externo nem o doméstico têm ajudado o câmbio nos últimos pregões. Hoje a moeda americana voltou a ficar pressionada ante moedas emergentes com a nova alta da taxa de retorno (yield) dos juros de longo prazo dos Estados Unidos, que bateram em 1,6% mais cedo, o nível mais alto em um ano, embora tenham perdido fôlego na parte da tarde.
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A aprovação da PEC Emergencial em dois turnos no Senado, mantendo o Bolsa Família dentro do teto de gastos, trouxe alívio, mas a avaliação é que o risco fiscal segue alto no Brasil, sujeito a mais ruídos com a tramitação do texto na Câmara na semana que vem. Para a economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico, o risco fiscal percebido pelos investidores deverá ainda seguir elevado, com impacto no câmbio e outros ativos locais, tendo em vista o caráter mais populista das últimas decisões de Jair Bolsonaro. Além do cenário interno muito incerto, Damico ressalta que o cenário externo já não está mais tão favorável para países emergentes, especialmente os mais frágeis.
A combinação de yields em alta, que se aceleraram após dados fortes do mercado de trabalho americano em fevereiro, e ações em queda colocaram o dólar hoje no maior nível de 2021 até agora, ressalta o analista sênior de mercados do Western Union, Joe Manimbo. Ante rivais, como o iene, bateu no nível mais alto em nove meses; ante o euro, em três meses e cinco meses perante o franco suíço. Os EUA criaram 379 mil vagas em fevereiro, acima do previsto pelos analistas em Wall Street, o que ajudou a acelerar as taxas de juros por conta do temor de inflação mais alta. Este temor também é alimentado pelo pacote fiscal de Joe Biden, em análise hoje no Senado americano.
Após a disparada do dólar este ano no Brasil, em ritmo bem mais intenso que outros emergentes, os estrategistas do Bank of America avaliam que o real pode ter alguma recuperação. Até agora, vacinação com atraso, ruídos políticos em alta, situação fiscal difícil e a demora do Banco Central em elevar os juros pesaram contra o câmbio no Brasil. Mas o início da elevação da Selic, esperada já para este mês, e uma diminuição dos ruídos políticos podem ajudar o real a ter trajetória de normalização, mas em linha com outros emergentes, avalia o BofA. O banco americano prevê o dólar perto de R$ 5,30 ao final do primeiro semestre e R$ 5,10 em dezembro.
Nesta sexta-feira, o dólar à vista fechou em alta de 0,45%, cotado em R$ 5,6835. No mercado futuro, o dólar para abril subiu 0,41%, em R$ 5,6965.
Por Altamiro Silva Junior
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