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Dólar vai a R$ 5,60 mesmo com venda forte do BC e sobe 2,4% no mês

O dólar fechou fevereiro acumulando alta de 2,4%, segundo mês consecutivo de valorização. No ano, o ganho do dólar ante o real é de 8%, o que mantém a moeda brasileira no topo de pior desempenho dos emergentes. Hoje, o exterior voltou a ter peso predominante para o câmbio no Brasil, ainda com a preocupação da elevação das taxas de retorno dos títulos do Tesouro americano, que afasta investidores de ativos de risco, enquanto no mercado doméstico persistem os ruídos políticos e a incerteza fiscal. O Banco Central voltou a atuar, vendendo hoje US$ 1,5 bilhão no mercado à vista em dois leilões. Ao todo, foram quatro leilões do tipo desde ontem, somando US$ 3 bilhões, mas com efeito apenas pontual nas cotações, que nesta tarde bateram em R$ 5,60, o maior nível desde 4 de novembro do ano passado.

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Na semana, que começou tensa com o episódio de ingerência de Jair Bolsonaro na troca do presidente da Petrobras, o dólar acumulou alta de 4,09%, a maior desde a primeira semana do ano. No fechamento do dia, o dólar terminou a sexta-feira com alta de 1,66%, a R$ 5,6055. No mercado futuro, o dólar para abril, que hoje passou a ser o contrato mais líquido, subiu 1,25%, a R$ 5,6095.

“O Brasil vem caminhando cada vez mais para ser o patinho feio dos emergentes”, afirma o sócio-diretor da Galapagos WM, Arnaldo Curvello. Ele comenta que o ambiente de maior estresse no exterior chega ao País em momento de muita incerteza doméstica. “É preocupante, estamos muito mal posicionados”, disse ele, destacando que a falta de sintonia e comunicação no governo deixa tudo ainda mais volátil e incerto. “Não está claro para onde o barco está indo.” Curvello destaca que o fator que poderia reverter este quadro negativo é um choque de expectativas. “Aí acontece o que aconteceu com a Petrobras, com uma atitude de interferência que o mercado odeia, isso não ajuda muito a trazer a confiança de volta”

Para o economista-chefe da Frente Corretora de Câmbio, Fabrizio Velloni, ao mudar o comando na Petrobras, Bolsonaro conseguiu provocar uma crise de confiança no mercado. “Nosso problema hoje é mais político do que econômico.” Assim, mesmo o presidente sinalizando novas privatizações, como Correios e Eletrobrás, o mercado financeiro e os investidores internacionais estão “assolados por uma crise de desconfiança” de como será o comportamento futuro do governo em relação a intervenções. O reflexo imediato é a forte piora do câmbio, destaca.

Neste ambiente de piora local e externa, o Bradesco elevou hoje sua previsão de dólar no final do ano, para R$ 5,30. “A mudança nas condições financeiras globais e as incertezas fiscais domésticas podem limitar a apreciação sugerida pelos fundamentos das contas externas e ganhos de termos de troca.”

Por Altamiro Silva Junior

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Estadão Conteúdo

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