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Juros futuros sobem com temor sobre auxílio emergencial

Os juros futuros fecharam o dia em alta consistente, vista desde manhã, alinhadas ao comportamento da curva americana, com o rendimento da T-Note de dez anos tendo atingido hoje o pico do ano, a 1,42%. No fim do dia, a piora da percepção sobre o futuro da PEC do auxilio emergencial deu gás extra. Com os fatores externo e fiscal em destaque, os níveis de inclinação por aqui dispararam, atingindo, no caso do spread entre os vértices de janeiro de 2027 e janeiro de 2022, 417 pontos, o pico desde o começo de dezembro de 2020. Mesmo com as taxas curtas subindo menos que as demais, o mercado segue bastante agressivo nas apostas para a Selic nos próximos meses, computando o risco fiscal e também maior depreciação do câmbio, que deve aumentar caso a leitura da economia americana embutida na curva dos Treasuries esteja correta.

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O estresse trouxe a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 de volta aos 7,00% no fim da sessão regular (6,815% ontem e 6,97% na estendida) não vistos desde 24/11/2020. A do DI para janeiro de 2027 subiu de 7,50% para 7,69% (regular) e 7,67% (estendida) e a do DI para janeiro de 2023 encerrou a regular em 5,30% e a estendida em 5,28%, de 5,197% ontem. O DI para janeiro de 2022 fechou com taxas de 3,515% e 3,405% (regular e estendida), de 3,42%% ontem.

O IPCA-15 de fevereiro, de 0,48%, veio abaixo do consenso de 0,50%, e até resultou em queda das taxas na abertura, juntamente com o câmbio mais comportado, mas a escalada da T-Note logo desviou a rota e carregou junto os DIs. Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho, lembra que o comportamento dos juros americanos tem ditado ultimamente a tendência das taxas por aqui. “O Fed tem advogado por mais estímulos fiscais e pode ser surpreendido por inflação mais alta”, afirmou.

Hoje, vários dirigentes do Federal Reserve discursaram em defesa de mais estímulos, mostrando tranquilidade com relação à inflação. Em audiência na Câmara dos Representante, o presidente do Fed, Jerome Powell, destacou que a “dinâmica da inflação não tende a mudar no longo prazo” e defendeu mais apoio para a economia. A sinalização, no entanto, não conseguiu reverter a trajetória ascendente dos yields.

No Brasil, o efeito dos Treasuries sobre a ponta longa é agravado pelas preocupações fiscais, num ritmo de agenda econômica ainda longe do desejável. “O cenário é muito desafiador e o mercado começa a ver menor disposição para o andamento das reformas”, afirmou Rostagno. Uma das grandes esperanças do mercado era ver uma tramitação rápida da PEC Emergencial. Porém, o texto recebeu uma enxurrada de críticas no Senado e o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (MDB-MG), admitiu no fim da tarde a possibilidade da votação, esperada para amanhã, ficar para a semana que vem. Reconheceu, ainda, que há chance de fatiamento para aprovar apenas a medida para destravar o auxílio, deixando dispositivos de contenção de gastos para depois.

Desse modo, cresce a pressão também em cima do Banco Central pelo início imediato do ciclo de aperto monetário e com alta de 0,50 ponto porcentual logo na estreia. Na curva, são 42 pontos-base precificados para o próximo Copom, ou 68% de chance de elevação de 0,50 ponto contra 32% de probabilidade de alta de 0,25 ponto. Para o fim do ano, a curva indica Selic em 5,38%. Os cálculos são do Banco Mizuho.

Por Denise Abarca

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Estadão Conteúdo

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