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Ibovespa sobe 2,2% após tombo; Petrobras avança 12%

(Foto: Espaço B3/Divulgação)

Após a Petrobras ter perdido mais de R$ 102 bilhões em valor de mercado ao longo das duas sessões anteriores, o dia foi de recuperação parcial tanto para as ações da empresa como para o Ibovespa, que fechou em alta de 2,27%, aos 115.227,46 pontos, mantendo-se em terreno positivo praticamente desde a abertura, aos 112.675,98 pontos. Na mínima, esteve aos 112.667,40, chegando na máxima aos 115.380,38 pontos, com giro financeiro mais uma vez reforçado, a R$ 48,1 bilhões nesta terça-feira.

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O elogio público do presidente da República, Jair Bolsonaro, ao ministro Paulo Guedes, no fim da tarde, contribuiu para que o Ibovespa recuperasse sem abandono a linha dos 115 mil pontos, que havia sido tocada antes, no meio da tarde.

Na semana, o índice da B3 acumula perda de 2,70% e, no mês, volta a mostrar ganho, de 0,14% – em 2021, cede 3,18%. O rebote visto na sessão decorreu mais de correção técnica, depois da queda superior a 20% observada na segunda-feira nas ações ordinárias e preferenciais da estatal, do que propriamente de novidades de peso que mitiguem o clima de intervenção política construído desde a live semanal do presidente Bolsonaro, na noite de quinta-feira, na qual indicou insatisfação com os reajustes nos preços dos combustíveis, em especial o diesel. Na ocasião, também insinuou a disposição de sacar Roberto Castello Branco do comando da empresa, intenção que se efetivaria na noite seguinte, com a indicação de Joaquim Silva e Luna para o cargo. Nesta terça, a atenção do mercado se voltou para a reunião do Conselho de Administração da Petrobras, que deve convocar Assembleia Geral Extraordinária (AGE) em até 30 dias para votar a indicação de Luna.

Nesta véspera de divulgação dos resultados trimestrais – programados para a noite de quarta -, Petrobras ON fechou em alta de 8,96%, a R$ 23,48, enquanto a PN avançou 12,17%, a R$ 24,06, dividindo com Eletrobras a ponta do Ibovespa na sessão, após as ações da petrolífera terem liderado as perdas na sexta e na segunda-feira. O dia foi de desempenho positivo para as ações de outras estatais que estiveram em evidência na segunda-feira, pressionadas então por novo rumor sobre troca de comando no Banco do Brasil e pela promessa de Bolsonaro, no fim de semana, de que também colocará o “dedo” no setor elétrico – o que gerou reação da diretoria da Eletrobras, ao esclarecer que eventuais planos de mudança em política de tarifas precisam ser informados pelo canal correto, o fato relevante. Nesta terça, após perda superior a 11% no dia anterior, BB ON fechou em alta de 6,92%, e Eletrobras ON, que havia contido na segunda-feira as perdas a 0,69%, saltou hoje 13,01%, com a ação PNB em avanço de 10,81% no fechamento.

O mal-estar decorrente da intervenção ensaiada pelo Planalto em estatais chegou à reunião desta terça entre analistas de mercado e a diretoria do Banco Central, para avaliação de conjuntura, em especial inflação. De acordo com relato do repórter Francisco Carlos de Assis, do Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), houve comentários sobre o aumento da incerteza em relação à política econômica, em razão dos últimos episódios envolvendo a Petrobras. “Muitos se questionaram sobre as reais intenções do presidente Bolsonaro porque isso está gerando pressões inflacionárias de curto e longo prazo”, disse um participante do encontro.

Na B3, “houve exagero na correção da segunda-feira, o que abriu espaço para a recuperação vista hoje. Esta questão da Petrobras é recorrente, porque de certa forma a Petrobras é um veículo de política pública. Quando o câmbio e os preços internacionais sobem muito, há esta preocupação quanto a repasses ao consumidor”, observa Marina Braga, líder de alocação na BlueTrade. “O que precisa ser visto agora é se o Luna manterá o programa de desinvestimentos, especialmente nas refinarias e quanto ao ‘stake’ (participação) na BR Distribuidora”, acrescenta Marina.

Ela chama atenção também para novo desgaste do ministro Paulo Guedes, tutor da agenda liberal do governo e que vem sofrendo uma série de derrotas, a última das quais a demissão de Roberto Castello Branco, por ele indicado ao cargo. “Ele continua em silêncio, um silêncio incômodo – por mais que tenha perdido força, eventual saída de Guedes seria um fator adicional para correção dos preços (dos ativos)”, acrescenta.

Nesta terça, em evento no Palácio do Planalto, Bolsonaro fez afago público a Guedes. “Vivemos um momento muito difícil ano passado, e pude contar com grupo de 22 e depois 23 ministros para levar à frente as propostas e os meios. Uma das pessoas mais importantes nessa luta foi o ministro Paulo Guedes”, destacou o presidente, acrescentando que, “por decidir as finanças do governo”, Guedes tem “amigos e opositores”. Na cerimônia, o ministro também foi elogiado pelo articulador político do Planalto, Luiz Eduardo Ramos, ministro-chefe da Secretaria de Governo. “Guedes tem feito o que é possível para o nosso País, com resiliência, determinação e força de vontade”, observou Ramos.

Mais cedo, a reunião entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o ministro da Economia, para tratar das reformas fiscais, já contribuía para alguma melhora de humor no mercado. Em outro desdobramento favorável, destaque para a notícia de que o governo federal pretende publicar ainda nesta terça a Medida Provisória da privatização da Eletrobras, como forma de reiterar ao mercado a intenção da vender a participação da União na estatal – o que contribuiu para o avanço das ações da empresa nesta terça-feira.

Por Luís Eduardo Leal

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