O dólar teve novo dia de alta no Brasil. Nem mesmo o forte fluxo externo tem conseguindo conter a piora do real. Dados divulgados hoje pelo Banco Central mostram que já entraram US$ 5,5 bilhões no país este ano, pelo comércio e canal financeiro, mas o dólar sobe quase 5%, o pior desempenho dos emergentes. Nesta quinta-feira, o exterior negativo, em meio a dados ruins dos pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos, e a retomada dos debates em Brasília sobre o auxílio emergencial fizeram a moeda americana bater em R$ 5,45 na máxima do dia.
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No fechamento, o dólar à vista subiu 0,48%, a R$ 5,4410. No mercado futuro, o dólar para março teve alta de 0,24%, cotado em R$ 5,4290.
Com várias ofertas de ações e aportes para a B3, o fluxo externo em fevereiro é positivo em US$ 3,9 bilhões pelo canal financeiro. No acumulado do ano, houve forte crescimento no fluxo cambial total, de mais de três vezes na comparação com o mesmo período de 2020, quando entraram US$ 1,5 bilhão. Mas o real segue pressionado, mesmo na comparação com moedas de economias mais vulneráveis, como África do Sul e Turquia.
Hoje em Brasília, o governo e o Congresso retomaram as discussões sobre o auxílio emergencial, em dia marcado também por alta do dólar na maioria dos emergentes, após a inesperada alta nos pedidos semanais de auxílio-desemprego nos EUA, para 861 mil na semana encerrada no dia 13, a segunda semana de elevação.
Em Brasília, após almoço com o ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) confirmou que o relatório da PEC Emergencial será apresentado entre hoje e segunda-feira (22), incluindo uma cláusula de “orçamento de guerra” para a retomada dos pagamentos do auxílio.
Para o economista do Wells Fargo, Brendan McKenna, não é possível afastar neste momento o risco de o teto de gastos ser colocado de lado em meio às tentativas do governo de dar mais estímulo fiscal no Brasil. Em um cenário de manutenção do teto e disciplina fiscal, ele acredita que o real pode ter algum fortalecimento nos próximos 6 a 9 meses, na medida em que a economia mundial ganha fôlego com a vacinação e os fluxos de capital devem seguir aportando nos emergentes. A trajetória das contas públicas é fator crucial para os rumos do câmbio no Brasil, comenta McKenna.
O diretor financeiro (CIO) do banco suíço Julius Baer, Yves Bonzon, ressalta que a preocupação dos investidores com o Brasil diminuiria mesmo com a recriação do auxílio emergencial, mas desde que o governo consiga dar um empurrão na agenda de reformas. Assim, a aprovação das medidas ofuscaria o aumento temporário de gastos públicos, ressalta ele, em nota.
Por Altamiro Silva Junior
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