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‘Se for preciso, vamos renegociar mais créditos’, afirma Octavio de Lazari

O agravamento da pandemia de Covid-19 no Brasil, com um ritmo de vacinação aquém do esperado, já colocou novamente na mesa dos grandes bancos a necessidade de uma nova rodada de renegociações de dívidas. Bradesco, Itaú, Santander, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil têm conversado a respeito e estão dispostos a uma nova leva de prorrogações caso o País volte a ser obrigado a adotar medidas de isolamento social, afirma o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari.

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Essa disposição vem da primeira experiência com as carências e renegociações – em que boa parte dos clientes têm honrado os compromissos. Além disso, segundo o executivo, os bancos mantêm conversa frequente com o Banco Central (BC) sobre eventual necessidade do retorno de linhas de crédito voltadas às pequenas e médias empresas.

Prestes a completar três anos à frente do banco, Lazari acaba de entregar lucro trimestral recorde na história do banco. Para frente, vê como desafios a criação de novos ativos no conglomerado. Ele considera o Next pronto para abrir o capital em 2022. A bandeira de cartões Elo, da qual é sócio com o BB e a Caixa, seguirá esse caminho já neste semestre. Leia, abaixo, os principais trechos da entrevista:

O sr. demonstra otimismo com a aprovação das reformas estruturais. De onde vem o otimismo?

Não é otimismo, é pragmatismo. As reformas estão na boca do povo e em discussão na Câmara e no Senado. O Arthur Lira (novo presidente da Câmara) e o Rodrigo Pacheco (novo presidente do Senado) têm de chegar mostrando trabalho – o que vão fazer. Não podemos ficar sem orçamento definitivo, sem teto de gastos, sem simplificação tributária. São pontos cruciais para que a economia melhore. Além disso, as reformas vão andar porque elas serão importantes para o processo eleitoral de 2022.

Se o governo tivesse de escolher uma reforma, em qual deveria focar?

Se for uma só, a simplificação tributária, porque tem impacto direto na criação de empregos e acesso a investimentos externos. A reforma tributária destrava um monte de problemas. Não chamo nem de reforma porque não dá para fazer na extensão ideal. Não dá para dar um cavalo de pau nisso, a dívida fiscal é grande. A simplificação tributária ajudaria muito. Depois, seria a reforma administrativa.

O sr. acredita que existe espaço e capital político para a privatização da Eletrobrás?

Tem espaço e capital político. A privatização da Eletrobras é absolutamente necessária, e o Wilson (Ferreira Júnior, ex-presidente da companhia, que renunciou) já deixou praticamente pronta. Houve a eleição na Câmara e no Senado. Tem quem goste e tem quem não goste (dos resultados), mas foi pelo voto democrático e temos de seguir com a agenda (de privatizações).

Em 2020, os bancos se aproximaram do governo Bolsonaro em torno do crédito. Como ficou essa agenda?

A agenda com o Banco Central continua. Todo mês temos reuniões com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, para falar sobre cenário econômico e medidas que podem ser feitas. Pode ser que voltem algumas linhas, como a da pequena e microempresa e a FGI – para médias empresas. Se vierem, ótimo, vamos distribuir. Mas, se não vierem, os bancos estão bem capitalizados, têm liquidez e têm espaço para crescer com linhas próprias, com taxas mais atraentes e, principalmente, prazo (de liberação), que é o mais importante.

Com as novas restrições em razão da pandemia, como ficam as renegociações de dívidas?

As renegociações com as empresas tinham carência de seis meses a um ano, então para muitas a primeira parcela não começou a vencer. Não houve demanda em relação a isso. Mas, se eventualmente houver uma necessidade, em razão do lockdown, mesmo que parcial, vamos fazer. Não tem problema nenhum. Quando as prorrogações começaram, ficamos muito preocupados, mas agora vemos com muita clareza: 92% das operações prorrogadas estão sendo pagas em dia, a inadimplência dessas operações só representa 0,6% da inadimplência do banco. Dos quase R$ 80 bilhões que fizemos em prorrogações, R$ 42 bilhões já entraram em condição normal, com empresas pagando sem atraso. Se houver extensão de lockdown, com agravamento da pandemia, vamos dar mais condições para as empresas pagarem e recuperarem faturamento em um momento de maior dificuldade.

Como o sr. vê a alta da inflação e a influência dos preços sobre os juros?

Mesmo que haja aumento da taxa de juros, poderá ser de 2% para 3% ou 4%. Não vamos de 2% para 20%, como no passado. Será muito mais palatável. Não me parece que seja problema que possa travar o crescimento do crédito.

Como está o andamento da revisão de negócios de pagamentos em sociedade com o BB?

As conversas estão hiperadiantadas. Com relação à Elo, existe convicção de abrir o capital neste semestre. Das outras, todas estão sendo rentáveis. Não tem problema nenhum.

E a Cielo?

A gente continua conversando para a melhor coisa para a Cielo, que conseguiu reagir. O último trimestre melhorou bem. Adquirência é um negócio extremamente importante. Não dá para terceirizar esse negócio para nossas corporações dado o tamanho que a gente tem.

Por que o sr. prevê o IPO do Next só daqui a dois anos?

Pode até acontecer antes. A gente tem de colocar no Next a escala necessária para que ele possa ir para um IPO vitorioso. Isso, em um mundo de banco digital, significa ter muitas contas. O primeiro ponto era fazer a separação total do Next, não ter nenhuma dependência financeira. Isso já foi feito. O segundo ponto era que não tivesse nenhuma dependência sistêmica do banco – isso foi feito em novembro. Hoje, ele tem vida própria. E agora é crescer o número de clientes para poder abrir capital.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Aline Bronzati e André Ítalo Rocha

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Estadão Conteúdo

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