Logo após traçar planos agressivos de crescimento para seu banco de investimento, a XP já colocou à frente uma nova meta: atingir a liderança desse mercado, tradicionalmente ocupado por grandes bancos, entre os locais e estrangeiros. Depois de alçar as primeiras colocações nas operações entre renda fixa e variável em poucos anos de atuação nesse mercado, consolidando essa posição na onda de aberturas de capital em 2020, a nova meta é chegar até o próximo ano ao topo do ranking das operações de fusões e aquisições. Nesse segmento sua presença ainda é discreta. Se conquistar o posto, a corretora de Guilherme Benchimol se posicionará como o maior banco de investimento do País.
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O caminho para esse crescimento foi pavimentado no fim do ano passado, quando a XP adquiriu a butique de investimentos Riza, de Marco Gonçalves, velho conhecido do mercado de fusões e aquisições do Brasil. Antes de abrir sua própria consultoria, o executivo chefiou as áreas de fusões e aquisições do Credit Suisse e do BTG Pactual. Na prática, o negócio envolveu levar Gonçalves à XP, juntamente com sua carteira de operações e um time de 18 pessoas – o que na prática dobra a equipe destinada a essa área na XP.
“Estamos com um ‘pipeline’ (carteira de transações) excepcional, mas posso ter um número cinco vezes maior com a capacidade de originação da XP. É isso o que quero aproveitar”, afirma Gonçalves, conhecido como ‘Marcão’ no mercado, em sua primeira entrevista desde que uniu forças com a XP para comandar a área de M&A (fusões e aquisições, pela sigla do inglês).
Agora, já com uma posição consolidada no mercado de operações de captações das empresas, a busca será por sinergias dentro do banco de investimento, que podem ser grandes. A visão é que o cliente da XP que acaba de rechear o seu caixa após uma abertura de capital, por exemplo, mira crescimento e fazer uma aquisição é um dos caminhos mais certeiros. O trabalho, assim, é fazer com que a empresa que a XP assessorou para levantar recursos no mercado não busque outro banco na hora do crescimento via aquisições.
Além da Faria Lima
Com mais musculatura na área, a XP quer atender clientes de todos os tamanhos e não se dedicar somente às grandes transações. “Nossa intenção é atender as maiores empresas do Brasil, mas não só. A XP tem uma grande base de agentes autônomos, são oito mil espalhados em 600 escritórios pelo País e vamos utilizar isso para uma máquina de M&A para empresas médias. O Brasil é maior que a Faria Lima (polo financeiro paulista) e é preciso capilaridade”, comenta o chefe do banco de investimento da XP, Pedro Mesquita.
O banco de investimento da XP já vem crescendo em ritmo acelerado. Nos nove primeiros meses do ano, conforme os últimos dados divulgados, a receita da área chegou a R$ 365 milhões, um aumento de 27,8% ante o visto um ano antes. Nas ofertas de ações em 2020, a XP esteve presente entre os coordenadores em 35 transações, sendo 16 IPOs. Foi líder de uma das maiores aberturas de capital do ano, a do Grupo Matheus, um dos maiores atacarejos do País. Segundo Mesquita, considerando a participação em número de transações, a XP se posiciona entre os três maiores bancos de investimento de País nesse nicho. Agora uma das rotas de crescimento virá também com o M&A, área que tem uma remuneração mais alta para o assessor financeiro.
Segundo dados da consultoria Dealogic, a XP está hoje em oitavo lugar no ranking dos bancos de investimento com atividade no Brasil, lista que considera o quanto cada instituição financeira ganhou em comissões, que é o porcentual de cada transação que o banco coordenador recebe como pagamento. Nos rankings da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) a XP aparece na frente de uma série de tipos de operações de mercado de capitais, como fundos imobiliários e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs).
O braço de banco de investimento da XP foi criado em 2014. Sua estreia como coordenador de ofertas de ações em 2017, na operação da Movida, mas a presença mais recorrente foi notada em 2019. Agora, para 2021, a estimativa é ainda de maior presença, em um ano em que é esperado que o número operações seja recorde, com 100 ofertas, considerando os IPOs e as ofertas de empresas já listadas, estima Mesquita.
Também no mercado de operações de fusões e aquisições, a expectativa é de um grande volume. “Algumas empresas esperaram um pouco para ver que diretriz iriam tomar. Eu estou tendo reuniões todos os dias”, comenta Gonçalves. “Veremos ainda muitas fusões de empresas que buscam sinergias para ficarem mais fortes. Em saúde, varejo, educação, vai ter muita transação.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Fernanda Guimarães
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