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Bolsa sofre maior queda do ano e perde 1,97% na semana

O Ibovespa chega ao fim deste primeiro mês de 2021 de forma diversa da que encerrou 2020, quando havia acumulado ganho de 15,90% em novembro e de 9,30% em dezembro, virando o jogo na reta final do ano da pandemia para obter leve alta de 2,92% no período. Neste janeiro de 2021, mês em que o índice renovou no dia 8 o topo histórico, a 125 mil pontos, o Ibovespa se inclinou à realização de lucros a partir da segunda semana, colhendo ao fim perda de 3,32%, com variação negativa de 1,97% no último intervalo de quatro sessões.

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O índice veio de perdas de 2,47% e 3,78% nas duas semanas anteriores, após salto de 5,09% na primeira do mês – a série de três recuos semanais foi a pior desde o intervalo entre 31 de agosto e 2 de outubro, quando emendou cinco semanas no vermelho.

Nesta sexta, na reta final, chegou a perder a linha de 115 mil pontos, na mínima da sessão, e dela não conseguiu se distanciar muito no fechamento. Ao final, mostrava queda de 3,21%, a 115.067,55 pontos, menor nível desde 14 de dezembro e, em porcentual, a maior perda deste começo de ano – e também a maior desde 28 de outubro (-4,25%).

O sentimento começou a piorar ainda no início da tarde, acompanhando Nova York, após declarações da Casa Branca sobre a relação EUA-China. À tarde, o índice foi dos 117.650,97, que mostrava ao meio-dia, a 114.973,00 na mínima, às 17h49, saindo de máxima na abertura a 118.879,90 pontos – entre piso e teto, a variação, que se mostrava contida até a virada para a tarde, chegou a 3,9 mil pontos, superando à da quinta, então em viés positivo. O giro nesta sexta foi de R$ 37,8 bilhões.

Aqui, a semana chega ao fim em meio à grande expectativa para a eleição das presidências da Câmara e do Senado, na segunda-feira, bem como para possível paralisação de caminhoneiros, em contexto ainda mais difícil do que o da greve de maio de 2018. Na próxima semana, a atenção se volta também para a temporada de balanços do quarto trimestre, que ganha força com o anúncio dos resultados de grandes instituições financeiras, como Itaú, Bradesco e Santander, entre segunda e quarta-feira.

Para complicar o cenário, o concerto de pequenos investidores contra grandes fundos no “short squeeze” da GameStop visto nesta semana, e que teria inspirado movimento atípico na quinta na ação do IRB, em alta de quase 18%, acrescentou adrenalina nesta beira de fim de semana.

Pela manhã, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) fez alerta de que tentativa combinada de se atuar sobre os preços pode caracterizar ilícito administrativo e penal. Nesta tarde, a B3 manteve IRB ON em leilão, a partir das 16 horas. “Começa a ficar meio sistêmico, um grupo organizado querendo causar caos no mercado financeiro, com danos para fundos – se vier a ficar recorrente, há a possibilidade de contrapartes ficarem sem condições de pagar. É um ponto de atenção que tem causado mal-estar no mercado, fazendo preço”, diz Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante.

Assim, o mau humor se disseminou nesta sexta por empresas e setores, com poucas exceções à forte correção, como Braskem (+1,64%) e Marfrig (+0,08%), as únicas ações do Ibovespa a registrar ganhos na sessão. No lado oposto, CSN caiu 8,27%, à frente de IRB (-6,13%) e de Ecorodovias (-6,04%), Entre as blue chips, Petrobras PN e ON perderam respectivamente 3,85% e 4,44%, ambas nas mínimas do dia no encerramento, enquanto Vale ON cedeu 3,46%. Destaque também para o setor de bancos, com quedas entre 1,97% (BB ON) e 3,57% (Itaú PN).

Em outro desdobramento negativo desta sexta-feira, as palavras da porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, de que o presidente Joe Biden permanece “comprometido” com o esforço bipartidário para aprovação de pacote fiscal, foram obscurecidas pela retórica sobre a China, o que contribuiu para piorar o desempenho dos mercados de Nova York, que fecham a semana acumulando perda acima de 3%.

Ela disse que o novo governo americano avalia eventuais ajustes na relação bilateral e deseja estar “em posição de força” quanto a Pequim. A porta-voz afirmou também que as relações estão “sob revisão”, o que inclui o acordo comercial fechado pelo então presidente Donald Trump, que contribuía no início do ano passado para melhorar a percepção de risco dos investidores, antes do novo coronavírus assumir a proeminência, ainda no fim daquele mês.

Por Luís Eduardo Leal

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Estadão Conteúdo

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