Pivô de um embate entre caminhoneiros e o governo federal, a alta recente do preço do óleo diesel tem sido puxada desde o ano passado pelo primeiro elo da cadeia de venda do produto, formada pelas refinarias da Petrobras e por importadores, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
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No quarto trimestre do ano passado, quando as cotações do petróleo começaram a se recompor após o pior momento da crise causada pela covid-19, o valor cobrado no primeiro elo subiu 16,6%. É mais que o triplo do reajuste nos postos de gasolina, de 4,4%, no mesmo período. Também ficou acima da alta verificada na distribuição, segmento que compra dos produtores e importadores e repassa para o varejo, com preços 10,8% maiores.
Nesta semana, a Petrobras anunciou mais um reajuste nas refinarias, de 4,4%, o primeiro do ano. A remarcação serviu de estopim para uma nova crise com os caminhoneiros, que ameaçam promover uma greve, nos moldes do movimento que parou o País em meio de 2018.
A estatal, produtora de quase todo o combustível consumido no Brasil, já havia revisado o preço do diesel em suas refinarias em R$ 0,31 (de R$ 1,68 para R$ 2,02) de outubro a dezembro, uma alta de 20%. As remarcações seguem a recuperação das cotações internacionais do petróleo e o aumento da taxa de câmbio, conforme as políticas de preços adotadas desde o governo Michel Temer.
A Petrobras afirmou que, ao formular os preços em suas refinarias, considera as cotações internacionais, os custos de importação e o câmbio. Diz também que a quantia paga pelo consumidor final é resultado das políticas de preços seguidas por ela e também por outros agentes comercializadores, sobre os quais não tem ingerência.
Segundo Sérgio Araújo, presidente da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), ao longo da cadeia de comercialização do diesel, os aumentos de preços são diluídos por outros fatores e, por isso, a alta no refino e na importação é mais aparente.
Em resposta às recentes reivindicações sobre o preço do combustível, a estatal publicou em seu site um levantamento da Global Price que conclui que, no início deste mês, o preço do diesel vendido nos postos custava, no Brasil, 27,4% menos do que a média mundial. O levantamento, no entanto, é formulado em dólar e não reflete os efeitos do câmbio no mercado interno.
Paulo Miranda, presidente da Fecombustíveis, que reúne cerca de 40 mil postos de gasolina, diz que seus associados “reduziram tudo o que podiam no diesel, e a margem de lucro gira atualmente em torno de 3%, 4%”. Hoje, acrescenta ele, o preço praticado no Brasil é inferior ao da maioria dos países.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Por Fernanda Nunes e Denise Luna
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