A gestão João Doria (PSDB) anunciou que enviará consulta ainda nesta quarta-feira, 27, ao Ministério da Saúde, sobre a possibilidade de postergar a aplicação da vacina Coronavac para um intervalo superior a 28 dias, como estava estabelecido até agora. A medida, defendida pelos cientistas do governo do Estado, serviria para ampliar a base de profissionais da saúde a receber a primeira dose do imunizante.
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O epidemiologista Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contigência do Coronavírus, afirmou que o centro “discutiu recentemente a possibilidade técnica de adiar a segunda dose”. “Hoje, a segunda dose está prevista para até 28 dias após a primeira dose. No entanto, do ponto de vista científico e biológico, é possível pensar que a segunda dose dada em uma data posterior a 28 dias seja até mais eficaz do que aos 28 dias”, complementou. Ele disse que o centro “é favorável à extensão do intervalo de tempo”.
A medida faria com que todo o efetivo de doses de vacina do Butantan disponível no País possa ser aplicado. A recomendação atual é que apenas metade das doses seja aplicada, uma vez que 50% do estoque tem de ser reservado para a aplicação da segunda dose.
“O total de doses recebido pelo governo do Estado de São Paulo é sequer suficiente para esgotar todo o público alvo dos profissionais de saúde. A abrangência da vacinação neste momento depende de ampliação de disponibilidade de doses por parte do Ministério da Saúde”, disse o secretário-executivo da Saúde, Eduardo Ribeiro.
Os estudos clínicos sobre a eficácia da vacina foram feitos com as doses sendo aplicadas dentro do intervalo vigente até aqui. Entretanto, segundo os técnicos, esse intervalo havia sido determinado porque havia pressa em concluir os estudos, dada a urgência trazida pela pandemia. Mas que a experiência no uso de vacinas com tecnologia similar apontaria, segundo eles, para uma possibilidade de retardamento da segunda dose.
Na coletiva, o governo anunciou ainda que as mais de 5.000 escolas públicas da rede estadual de São Paulo passarão a abrir diariamente para oferecer merenda para os alunos mais vulneráveis da rede. Eles poderão almoçar todos os dias e, quando forem para lá, devem retirar kits de atividades. A medida de beneficiar 770 mil dos 3,5 milhões de estudantes da rede. “Esta medida começa a partir de 1º de fevereiro e mostra a visão, o cuidado e o zelo especialmente aos alunos mais vulneráveis”, disse o governador.
Ministério silencia sobre novo lote
O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, que estava presente na entrevista coletiva em que a intenção foi anunciada, disse também que o Butantan já avalia exportar um lote de 54 milhões de doses da Coronavac caso o Ministério da Saúde não sinalize, até a próxima semana, o desejo de compra dos imunizantes. Pelo contrato que o Butantan fez com o ministério, foram vendidas 46 milhões de doses, com entrega até abril. Mas o Butantan tem com a parceira chinesa Sinovac, fabricante da vacina, um acordo para a compra de mais 54 milhões de doses. Se o governo brasileiro não comprar, o Butantan terá de vender o produto para outros clientes. A Argentina já teria procurado o instituto, segundo Covas.
Segundo Covas, a equipe do ministro Eduardo Pazzuello ainda não fez contato para tratar do tema.
Doria anunciou nesta terça-feira, 26, que uma nova remessa de insumos para a produção de mais doses da vacina contra a covid-19, produzida pelo Instituto Butantan, deve chegar da China no próximo dia 3 de fevereiro. O Estado contabiliza pouco mais de 212 mil pessoas que receberam a primeira dose da Coronavac, a vacina produzida pelo Butantan a partir dos insumos da chinesa Sinovac.
São Paulo continua em uma nova fase da quarentena, com ordem para que todo o comércio não essencial do Estado feche após as 20 horas nos dias úteis e em todos os horários do fim de semana. Esse esquema especial, anunciado no dia 22, deve durar ao menos até o dia 8 de fevereiro.
Na coletiva, o secretário estadual de Educação, Rossieli Soares, anunciou também que, a partir do dia 1º, as escolas estaduais serão abertas no horário do almoço para oferecer merenda aos alunos mais vulneráveis da rede, uma medida que pretende oferecer refeição para 750 mil dos cerca de 3,5 milhões de alunos da rede.
Por Bruno Ribeiro
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