O número de mortes no Brasil subiu, em 2020, mais de 8% sobre 2019. A média anual de aumento registrada nos 21 anos anteriores era bem menor: 1,9%. Em São Paulo, essa expansão foi de 17%, enquanto no Rio chegou a 19%. Desde o início da série histórica dessas estatísticas, em 1999, os aumentos de óbitos no ano passado foram os maiores já registrados nos cartórios brasileiros. A pandemia de covid-19 é a melhor hipótese para explicá-los.
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Segundo dados do Portal da Transparência, plataforma administrada pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), os óbitos registrados em todos os cartórios do País em 2020 foram 1,44 milhão. Esse número foi 8,3% maior do que o do ano anterior, quando chegou a 1,26 milhão. Foram mais de 180 mil mortes a mais no País. A variação superou a média histórica de variação anual de mortes no Brasil. Ela era, até 2019, 1,9% ao ano.
Em São Paulo, o total de mortes foi de 356.877, 17% a mais do que as 312.444 de 2019. Morreram mais 44.433 pessoas no Estado no período. Já no Rio, o aumento de óbitos foi de 24.330. O total variou de 147.903 para 172.233 nos mesmos anos.
“Os cartórios de registro civil são as fontes mais fidedignas para essas informações porque todo óbito que ocorre no Brasil precisa ser necessariamente registrado; esses são os números mais fidedignos da atual realidade”, afirmou o presidente da Associação Nacional de Registradores Civis do Brasil (Arpen/Br), Gustavo Fiscarelli. “Os maiores aumentos estão nas doenças respiratórias e cardíacas, indicando que o aumento recorde se dá por conta da pandemia.”
Foi o caso das óbitos causados por doenças respiratórias, que cresceram 34,9% na comparação entre 2019 e o ano passado. Passaram de 442.266 para 596.678 – 154.412 a mais. Dentre elas, destaca-se a explosão das mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), com crescimento de 998% – de1.498 para 16.454. Já os óbitos causados por doenças cardíacas, também muitas vezes relacionadas à covid-19, a comparação entre 2019 e 2020 aponta aumento de 5,1%, passando de 270.203 para 284.217. O padrão de crescimento é similar tanto em São Paulo quanto no Rio.
O medo das pessoas de frequentarem hospitais ou mesmo de realizarem tratamentos médicos de rotina durante a pandemia, assim como a falta de leitos em momentos críticos, segundo Fiscarelli, fez crescer o número de mortes em domicílio no Brasil. O aumento foi de 22,2% de entre 2019 e 2020. Pesquisadores também têm afirmado que dificuldades de testagem no Brasil podem impedir que parte das mortes seja atribuída à covid-19, embora as vítimas estivessem infectadas pelo vírus.
“As informações são essenciais para o correto mapeamento da situação e se mostrou um instrumento fundamental para que o poder público pudesse combater a pandemia de covid-19 no País”, explica a presidente da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (Arpen/SP), Daniela Silva Mroz. “Com os números de óbitos por doenças respiratórias, cardíacas e das demais causas que são disponibilizados na ferramenta, pesquisadores, médicos e a sociedade, em geral, podem acompanhar o avanço da doença no Brasil e os seus impactos.”
Por Roberta Jansen
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