Economia

Bolsa perde 3,78% na semana com realização após rali

O Ibovespa chega ao final da segunda semana do ano acumulando perda de 3,78% no intervalo de cinco sessões, após largada exuberante em 2021, na qual havia avançado 5% do dia 4 a 8, o que o colocou aos 125 mil pontos, em nova máxima histórica. Com a terceira realização desta semana que chega agora ao fim, o índice da B3 limita os ganhos do ano a 1,12%, ainda acima dos observados nos três índices de Nova York – em avanço entre 0,32% (S&P 500) e 0,86% (Nasdaq) neste começo de 21.

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Nesta sexta, o Ibovespa fechou em baixa de 2,54%, aos 120.348,80 pontos, entre mínima de 120.185,13 e máxima a 123.471,59, com giro a R$ 37,6 bilhões.

A realização atingiu Vale ON (-4,35%), Petrobras (PN -4,52%, ON -3,52%), siderurgia (CSN -8,10%, Gerdau PN -5,92%, primeira e terceira maiores perdas do Ibovespa na sessão) e bancos (Santander -5,00%, Itaú PN -3,77%, Bradesco PN -2,76%). Na ponta positiva do índice, destaque para B2W (+5,11%), Suzano (+2,50%) e Rumo (+2,27%).

A correção nos preços do petróleo e a retomada do dólar na sessão – em baixa de 2,07% na semana, mas ainda em alta de 2,23% no ano – parecem refletir um cenário de menos apetite por risco, em ajuste ao movimento observado no fim do ano passado e no início deste, quando predominavam a euforia pelo começo das campanhas de vacinação nas maiores economias e a perspectiva de enfraquecimento da moeda americana com a aproximação de estímulos adicionais nos EUA, o que favorece aos emergentes em bloco. “Começa a prevalecer uma realização em cima do fato”, diz Erminio Lucci, CEO da BGC Liquidez.

Além da expectativa para a tramitação do pacote de US$ 1,9 trilhão nos EUA sob o governo Biden, o mercado segue muito atento à “velocidade e logística da vacinação” em meio a notícias ainda negativas sobre a pandemia, como o aparecimento de variantes do vírus em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil, e aumento ou prorrogação de restrições sociais, que afetam diretamente a retomada econômica neste princípio de ano, observa Lucci.

Em paralelo, com o afrouxamento prolongado das condições monetárias e o expansionismo fiscal, o cenário é de “reflação nos próximos trimestres”, o que tem se materializado aqui em leituras maiores nos índices de preços e, lá fora, em oscilações nos yields dos Treasuries de 10 anos. “Havia expectativa por retomada mais forte”, o que começa a ser colocado em questão com as dificuldades vistas na contenção da pandemia, aponta Lucci.

“Nesta semana, componentes de risco que não estavam mapeados começaram a surgir. Nada mais natural do que uma queda depois de disparada de praticamente 10 semanas consecutivas”, diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. Das últimas 11 semanas – ou seja, desde a primeira de novembro – , houve perdas em apenas duas. “Acima de 119 mil pontos, a tendência de alta em todos os tempos gráficos segue firme e forte. Poderemos falar de correção mais forte somente abaixo de 115 mil pontos. Mas o mercado começa a questionar se, no nível atual, existe um risco-retorno interessante para aumentar posição.”

Para Cesar Mikail, gestor de renda variável da Western Asset, a realização desta semana é natural tendo em vista quanto o Ibovespa andou, sem revogar a perspectiva para o ano, ainda favorável globalmente, com expectativa de recuperação mais firme nos Estados Unidos e na China a partir do segundo trimestre, o que favorece a demanda por commodities, nosso carro-chefe.

“Temos uma volatilidade normal, o cenário global ainda é favorável para o ano, e o Brasil tem acompanhado bem o global. Quando o estrangeiro olha para América Latina, vê Brasil e México e, com a concentração do Ibovespa em commodities, os múltiplos costumam ser mais baixos quando comparados, por exemplo, a mercados como o americano, com peso em tecnologia, mais esticados”, acrescenta o gestor, que vê o Ibovespa perto dos 140 mil pontos este ano.

“Do lado do volume, houve uma queda em relação ao giro da semana passada, quando chegou à faixa diária de R$ 40 bi a 45 bilhões. Houve uma acomodação nesta semana, o mercado está testando um equilíbrio. Os estrangeiros viraram o ano ainda comprando muito, não só no Brasil, mas também em outros emergentes. É preciso continuar monitorando este fluxo”, observa Naio Ino, responsável pela mesa de trading de equities da Western Asset.

Por Luís Eduardo Leal

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Estadão Conteúdo

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