O real teve dia de recuperação das perdas recentes nesta terça-feira, 12. Se na segunda-feira a moeda brasileira foi uma das divisas com pior desempenho internacional ante o dólar, nesta terça ficou na ponta oposta, com melhor performance. O dólar devolveu parte dos ganhos recentes ante moedas fortes e nos emergentes, em dia de noticiário morno e, que no Brasil, teve como destaque o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro e de 2020, mostrando aceleração da inflação e aquecendo o debate sobre a volta da alta de juros no País.
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No mercado doméstico, a perspectiva de entrada de fluxo prossegue, com os aportes seguindo na Bolsa e várias empresas, como o Itaú, captando recursos no mercado internacional, o que ajuda a retirar pressão no câmbio.
No fechamento, o dólar à vista encerrou o dia em baixa de 3,29%, cotado em R$ 5,3226. Foi a maior queda porcentual desde 2 de junho de 2020, quando recuou 3,34%, então com a expectativa pela reabertura das economias. No mercado futuro, o dólar para fevereiro caiu 3,0%, a R$ 5,3260.
O chefe da mesa de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem, ressalta que não houve mudanças no cenário da segunda-feira para a terça, com o foco seguindo nos casos de covid e na vacinação, mas o humor dos participantes do mercado melhorou. “Houve um pouco de exagero ontem”, disse ele.
Há ainda, destaca Nagem, a perspectiva de que o Brasil continue recebendo fluxo externo, por conta da liquidez sem precedentes no mercado internacional. Só na primeira semana do ano, os estrangeiros aportaram R$ 10,7 bilhões na B3 e nesta terça o Ibovespa voltou a retomar os 124 mil pontos.
Com a aceleração da inflação, o gestor e ex-diretor do Banco Central, Sergio Goldenstein, escreveu em seu Twitter nesta terça que os juros deveriam voltar a subir “em março ou maio”, o que deve aliviar, caso não ocorram mais surpresas fiscais negativas, as pressões no câmbio. Ele observa que o juro real no Brasil está mais negativo que na Suíça, o que vem gerando distorções importantes no câmbio. “O real depreciou 30%, com performance relativa pior do que seus pares, mesmo com o BC tendo vendido cerca de US$ 60 bi em reservas e swaps cambial.”
“O Brasil se acostumou a conviver com diferencial de juros alto ou muito alto, sendo consistentemente um dos três mais altos do mundo”, disse o diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra, em evento da XP nesta terça. Ele acrescentou que nenhum país com classificação de risco ‘BB’ pratica hoje taxa de juros de 2% ao ano, como o Brasil. Para ele, no longo prazo, o câmbio tende a voltar a uma situação de maior normalidade por questões estruturais.
Por Altamiro Silva Junior
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