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Nova alta de casos leva à reabertura de hospitais de campanha pelo Brasil

A nova alta de infecções pela covid-19 tem feito governos reabrirem ou estenderem o prazo de funcionamento de hospitais de campanha pelo País, como forma de desafogar e evitar o colapso da rede de saúde. O total de mortos pelo vírus no Brasil se aproxima dos 200 mil. As estruturas de emergência atenderam parte significativa da demanda no 1º semestre, mas também estiveram ligadas a suspeitas de desvio de verbas e falhas de planejamento.

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O atendimento de pacientes em centros provisórios foi retomada em capitais, como Fortaleza, Teresina e Belém – na última, para casos leves e moderados. É também alternativa no interior e em regiões metropolitanas, que têm oferta mais limitada de leitos, em Estados como São Paulo, Minas e Ceará.

Em Osasco, Grande São Paulo, o hospital de campanha fechou em setembro e reabriu mês passado para atender casos leves. Tem 70 leitos, mas pode chegar a 300. No início da semana, a cidade tinha 57% dos leitos de emergência para covid ocupados. A nova gestão em Diadema anunciou intenção de erguer uma unidade. Em Bauru, o Estado renovou o contrato, que terminaria semana passada, diante do aumento de doentes. Araraquara fez o mesmo.

Em Ilhabela, litoral norte, o plano em dezembro era montar estrutura para pacientes de outras doenças e liberar leitos a infectados pela covid. O novo prefeito, Toninho Colucci (PL), mandou desfazer a unidade, que ainda estava incompleta. Optou por instalar até 20 leitos em um prédio municipal. Diz que vai economizar R$ 900 mil e transformá-lo em hospital definitivo. Ainda não disse se seguirá a ideia da gestão anterior, de receber pacientes que não sejam de covid. A cidade tem visto crescer o fluxo de turistas nas últimas semanas, o que pode elevar a transmissão do vírus.

Um dos problemas de hospitais de campanha é investir em estrutura que será desfeita. Walter Cintra, professor de Administração Hospitalar da FGV, acredita que as unidades provisórias podem ser necessárias com o maior contágio após as festas de fim de ano. Mas vê alternativas. “Concluir a ativação de hospitais que não estejam totalmente ativados, e reativar hospitais desativados por qualquer razão no passado. Após a pandemia, esses leitos podem ser usados para outras finalidades, principalmente no SUS que carece de vagas”, diz.

Novo prefeito de Presidente Prudente, Ed Thomas (PSB) cobra mais leitos ou hospitais de campanha. “É competência do Estado, não do município.” Pela classificação estadual, a cidade está na fase vermelha (mais restritiva). Thomas resistiu em fechar o comércio, mas cedeu após pedido do Ministério Público. A Secretaria Estadual da Saúde disse monitorar o cenário para preparar leitos, quando necessário, e apoiar gestores.

Em alerta

O risco da explosão de casos após o Natal e do réveillon é um dos argumentos de Varginha (MG) para estender o contrato. “Pedimos a prorrogação ao governo federal, que participa da gestão da estrutura com o envio de recursos. A situação estava controlada, mas em dezembro deu uma piorada e achamos melhor manter o funcionamento até ao menos fevereiro”, diz o prefeito Verdi Lúcio Melo (Avante). “Você dá uma volta na cidade e de cada dez, três usam a proteção.”

Há mais dois hospitais no município: um regional, que atende cidades vizinhas, e um privado, respectivamente, com 66% e 72% de ocupação de UTIs. A unidade de campanha tem mais oito vagas – metade ocupada.

Em Mariana (MG), até o então prefeito Duarte Júnior (Cidadania) precisou ser internado na vizinha Ouro Preto para tratar da doença em dezmbro. A unidade de campanha local já estava pronta, mas só foi usada a partir do fim do ano, quando os hospitais de Mariana e de Ouro Preto ficaram com 100% das UTIs lotadas.

O governo de Minas – que chegou a montar um hospital de campanha que não foi utilizado em Belo Horizonte – diz que agora a rede está melhor equipada do que no início da crise sanitária. “Lá no início, tínhamos um cenário de guerra. Os momentos são muito diferentes”, diz o secretário estadual da Saúde, Carlos Eduardo Amaral, em vídeo enviado pela assessoria.

Pernambuco estuda reabrir os 102 leitos de terapia intensiva no hospital de campanha de Petrolina. Conforme o governo, a ocupação de UTIs no Estado subiu para 80% e de enfermaria para 66% nas últimas semanas. Em Mato Grosso do Sul, o Hospital da Cassems, da rede privada de Campo Grande, começou a remontar a estrutura destinada a pacientes com a covid em sua área externa.

Em Cascavel (PR), um hospital de campanha que funcionou no Centro de Eventos está com a estrutura pronta para ser reativada, com macas, cilindros de oxigênio e mais equipamentos, mas só será colocada em operação se os casos continuarem aumentando, diz a prefeitura.

Rio fecha unidade

A prefeitura do Rio de Janeiro anunciou nesta terça-feira o encerramento das atividades no Hospital de Campanha do Riocentro, na zona oeste da cidade. Era a última instalação provisória para atendimento exclusivo de pacientes de covid-19 que ainda estava em funcionamento. Todos os pacientes já foram transferidos para outras unidades. Equipamentos e profissionais de saúde vão ser direcionados para outros centros de atendimento.

O município criou o hospital do Riocentro, que chegou a ter 500 leitos (100 deles de UTI), mas decidiu fechá-lo, apesar do repique da pandemia. A secretaria explicou que a decisão segue parecer de especialistas. Eles aconselham a reabertura de leitos inativos na própria rede pública, em hospitais de referência, o que trará uma significativa redução de custos.

Em coletiva ontem, a secretaria confirmou a abertura de 343 novos leitos para a covid-19- 193 deles na rede pública e 150 na rede privada – conforme já publicado no Diário Oficial. Segundo a pasta, já foram abertos 80 leitos no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla e outros 20 no Hospital Municipal Souza Aguiar.

“A estimativa é que sejam economizados R$ 250 mil por dia com a abertura dos leitos no Ronaldo Gazolla”, informou a secretaria. A pasta informou ainda que “a diária do hospital de campanha do Riocentro custa em torno de R$ 12,5 mil, bem acima da média até mesmo de hospitais particulares”.

A taxa de ocupação de leitos de UTI para covid-19 na rede SUS no município (incluindo vagas em unidades municipais, estaduais e federais) é atualmente de 91%.

Segundo o secretario estadual de Saúde, Carlos Alberto Chaves, e o secretário municipal, Daniel Soranz, a regulação dos leitos do SUS para covid em todo o Estado será unificada já a partir da semana que vem. Segundo a secretaria estadual de Saúde, mais de 900 leitos foram abertos desde novembro.

Em Santa Catarina, o governador Carlos Moisés (PSL) disse que o investimento será direcionado para os hospitais próprios e filantrópicos catarinenses. No fim de semana, todas as regiões do Estado estavam com mais de 85% de ocupação da rede hospitalar para a covid-19. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por José Maria Tomazela e Roberta Jansen, com colaboração de Luiz Carlos Pavão e Leonardo Augusto, especiais para o Estadão

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Estadão Conteúdo

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