Mercados

Maioria das taxas de juros fecha em baixa

A piora da percepção de risco no meio da tarde mudou pontualmente a trajetória das taxas futuras de juros, acometidas pela liquidez mais baixa nesta primeira sessão do ano. Ainda assim o movimento, principalmente localizado no miolo da curva, não se manteve. O cenário de ampla liquidez global continuou dando fôlego para diminuição dos prêmios em alguns contratos. O investidor acompanhou o noticiário mais minguado nesta segunda-feira, enquanto aguarda informações referentes à inflação e atividade econômica ao longo da semana, também marcada pela retomada de leilões do Tesouro.

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A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 recuou de 2,868% na quarta-feira passada a 2,845% no ajuste desta segunda-feira e 2,825% na estendida. O janeiro 2023 passou de 4,199% a 4,185% (regular) e 4,180% (estendida). O janeiro 2025 foi de 5,648% a 5,650% (regular) e 5,660% (estendida). E o janeiro 2027 recuou de 6,416% a 6,400% (regular e estendida).

O descolamento do mercado de juros dos ativos domésticos se acentuou na última hora do pregão regular. Enquanto o dólar batia máximas e a bolsa voltava ao território negativo, as taxas se encaminhavam para fechar a maioria em baixa. Parte da explicação deste movimento se deve à liquidez mais limitada nesta segunda, mesmo com o vencimento de R$ 104,6 bilhões em Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-F).

Para efeito de comparação, a liquidez do janeiro 2022, o mais negociado, ficou em 255 mil contratos, abaixo até da segunda-feira passada, a última de 2020 (316 mil contratos), quando os negócios já estão mais minguados por causa do fim do ano.

Mas o pano de fundo segue sendo a tendência de tomada global de risco, uma vez que os principais bancos centrais seguem irrigando a economia com recursos e os pacotes fiscais voltam à baila com as nações ainda com problemas relacionados à pandemia de covid-19.

A questão fiscal nos Estados Unidos, país mais afetado pelo novo coronavírus, chegou a causar um certo ruído no mercado hoje. A chance de a possível vitória democrata na eleição ao Senado da Georgia amanhã elevar o gasto público para impulsionar a economia fez com que o mercado americano de títulos projetasse inflação de 2% para a próxima década, algo que não ocorria desde 2018.

“O Senado de maioria democrata aumenta o temor de a inflação voltar a acelerar. O mercado já havia precificado a vitória republicana, que daria um impulso fiscal mais limitado. O medo é de que o tamanho da dose (de estímulos), agora, não seja na dose certa”, comentou o operador de renda fixa da MAG Investimentos, Breno Martins.

No cenário doméstico, como lembra Martins, a discussão fiscal ainda se faz presente e volta à tona nesta semana quando o Tesouro retoma os leilões. Mas a estratégia do órgão mudou, e o calendário passou a ser trimestral, em vez de anual, e com isso há mais flexibilidade de ação. Haverá também leilões de rolagem antecipada de LFT e LTN. “Este é um desenvolvimento bastante positivo”, pontuou o economista.

A analista de renda fixa da XP Investimentos, Camilla Dolle, destacou que a medida do Tesouro traz mais “capacidade de resposta em relação às condições de mercado”.

Ela comentou ainda que o Tesouro não deve encontrar dificuldade na gestão da rolagem da dívida, uma vez que os últimos leilões de 2020 foram “bem-sucedidos”.

Na terça-feira, o Tesouro faz leilão de NTN-B com vencimentos em 15/08/2026, 15/08/2030 e 15/05/2055, que deixa de ser híbrido, ou seja, cada vencimento passará a ser ofertado individualmente. Na quinta-feira, é a vez da oferta de LFT (01/03/2022 e 01/03/2027), NTN-F (01/01/2029 e 01/01/2031) e LTN (01/04/2022, 01/01/2023 e 01/07/2024).

A semana é marcada ainda por números da inflação na cidade de São Paulo, medida pelo IPC-Fipe (quinta-feira), para a qual a expectativa coletada pelo Projeções Broadcast é de desaceleração da taxa mensal a 0,91%.

Na sexta-feira há a divulgação do IGP-DI de dezembro e da produção industrial brasileira em novembro.

Por Mateus Fagundes

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Estadão Conteúdo

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