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Apetite a risco externo permite Ibovespa retomar 120 mil pontos, mas covid inibe

O avanço no processo de imunização contra a pandemia do novo coronavírus no mundo anima investidores ao redor do mundo no primeiro pregão de 2021, corroborando a visão de retomada econômica. Esse sentimento foi reforçado após dados industriais europeus acima do esperado, o que também ajuda a impulsionar as bolsas europeias, os índices futuros em Nova York e as commodities.

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A valorização também atinge o Ibovespa, que ainda tem amparo nas notícias sobre vacinas no Brasil. Por exemplo, a Fiocruz quer vacinação ainda este mês. Já o secretário estadual de Saúde de São Paulo, Jean Carlo Gorinchteyn, afirmou nesta segunda-feira que o Instituto Butantan deve protocolar esta semana, “muito possivelmente” entre hoje e amanhã, na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pedidos para uso emergencial e definitivo de imunizante contra o novo coronavírus, desenvolvido em parceria com a farmacêutica Sinovac.

Instantes após a abertura do pregão de hoje, o Ibovespa superou a marca dos 120 mil pontos, indo à máxima dos 120.353,81 pontos, em meio à esperança de início da imunização no Brasil. Além do ambiente externo, a MCM cita, em nota, que a decisão da Anvisa de permitir a importação da vacina da AstraZeneca, podendo antecipar o início rápido da vacinação no Brasil, também anima investidores. No entanto, há duvidas sobre esse começo. Com isso, logo o índice arrefeceu, voltando para o nível dos 119 mil pontos.

O economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira, cita que o desempenho positivo dos mercados de risco hoje reflete a esperança de “alguns acertos” no mundo este ano, diante das boas expectativas de vacinação massiva global. “Os EUA esperam imunizar 100 milhões de pessoas em janeiro, enquanto o Brasil está atrasado”, pondera, em análise a clientes e à imprensa.

Apesar do otimismo nos mercados, a piora da pandemia pelo mundo deve permanecer no radar, sendo uma constante ameaça ao bom humor, observa em nota o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria. No Brasil, ressalta, os ativos devem continuar se beneficiando do fator externo, mas incertezas locais permanecem como limitantes ao otimismo. “A grave situação da pandemia, ruídos políticos e riscos fiscais estão no rol de problemas internos”, diz Campos Neto.

Em relação ao impasse sobre vacinas, o governo brasileiro diz que os vetos do presidente Jair Bolsonaro a trechos da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021 não afetarão a aquisição, desenvolvimento ou a distribuição de “quaisquer” vacinas, inclusive contra a covid-19.

Na seara corporativa, foco no setor aéreo, após o governo prorrogar a medida que concede 12 meses para que as companhias aéreas reembolsem de maneira integral os valores das passagens dos clientes que tiveram voos cancelados em decorrência da pandemia de covid-19. Os papéis caiam na faixa de 0,80% (Azul e Gol). Além disso, o setor financeiro perdia força, mesmo após recomendação de analistas.

Em contrapartida, a forte valorização na cotação do minério de ferro no porto chinês de Qindgao hoje estimula a compra de ações de empresas ligadas ao segmento na B3, que seguem na lista das maiores altas.

Enquanto o minério de ferro fechou com elevação de 3%, a US$ 165,29 a tonelada, os papéis da CSN ON subiam ainda mais (4,21%), às 10h20. Já Usiminas PNA subia 3,29%, enquanto Vale ON tinha valorização de 2,01%, puxando sua subsidiária Bradespar PN (3,00%). O Ibovespa subia 0,43%, aos 119.530,53 pontos, mais perto da mínima aos 119.024,29 pontos, do que da máxima aos 120.353,81 pontos.

Por Maria Regina Silva

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Estadão Conteúdo

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